O adiamento dos desfiles das escolas de samba no Porto Seco, na Capital, e a definição das novas datas do evento vão exigir esforço redobrado das entidades carnavalescas. Por conta da pandemia do novo coronavírus, dirigentes das escolas de samba e a prefeitura decidiram transferir o evento – que ocorrerá nos dias 6, 7 e 8 de maio no Complexo Cultural do Porto Seco. Com a necessidade de readequar o calendário de preparação, as escolas dos grupos Ouro, Prata e Bronze já começam a definir novos cronogramas de trabalho. O acordo que definiu as novas datas para o evento foi selado no Paço Municipal, com a presença de representantes da União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UECGAPA) e da União das Escolas de Samba de Porto Alegre Região Metropolitana (Uespa).
O presidente da Uespa, Maurício Santos, explica que a decisão garante a realização do Carnaval e oferece mais tempo para avaliar melhor qual ‘a produtora parceira’ para a construção das estruturas temporárias para o desfile. Santos destaca que Porto Alegre foi uma das últimas capitais a informar o adiamento do evento, mas reconhece que foi uma decisão madura por conta do cenário atual da pandemia. “Para não gerar nenhum tipo de risco de cancelamento do Carnaval, buscamos em comum acordo a identificação da melhor data. A partir disso, as escolas passam a realizar um novo cronograma, um novo plano de trabalho, e passam a estabelecer uma nova data para manutenção dos trabalhos nos barracões”, afirma.
Com as mudanças anunciadas pela prefeitura, o plano de trabalho das entidades carnavalescas sofreu uma série de modificações. “Houve alterações em função inclusive da falta de público nas quadras. Porque quando tem essa insegurança da pandemia, isso gera apreensão no público, que passa a não confirmar, por exemplo, a compra de fantasias. Na Mangueira, no Rio de Janeiro, 80% das fantasias ainda estavam à disposição para aquisição. Não é diferente aqui no Rio Grande do Sul”, compara. Conforme Santos, em meio às incertezas sobre a realização do evento, as escolas enfrentam dificuldades de implementação do plano de trabalho. “Com data definitiva é possível montar um plano de trabalho e saber que tem uma entrega para tal data. Por exemplo, tem uma série de contratados que têm contrato previsto para o fim de março que terão que ser prorrogados, é um processo natural. Isso gera uma movimentação imensa nas escolas, uma reorganização de todas elas”, observa.
“Não foi uma engenharia de facilidades, tivemos que construir um cenário de superação inclusive”, completa. No final do ano passado, as negociações com as produtoras Dusk, de São Paulo, e Praservi-Serviços e Eventos, de Porto Alegre, tinham avançado, mas a pandemia e a indefinição sobre a realização do Carnaval colocaram as tratativas em compasso de espera. Uma reunião deve ocorrer na próxima semana entre as entidades e representantes das empresas. “A partir da definição da data a gente volta a sentar com a empresa, acelerar e prospectar negócios. E a partir daí, se houver interesse dela em permanecer, a gente toca adiante o plano de trabalho”, destaca.
Quanto à infraestrutura do Porto Seco, Santos adianta que a CEEE Equatorial estuda melhorar o fornecimento de energia do local. Uma reunião está marcada para esta terça-feira para tratar do assunto. “Estamos buscando outra alternativa, que é mais barata para a CEEE Equatorial, e também uma qualidade de fornecimento de luz para os barracões. Justamente nesse momento que as escolas passam a atuar todas ao mesmo tempo, tem necessidade de carga maior para realização dos carros alegóricos, além de ser uma questão de segurança também”, afirma, numa referência aos constantes furtos de cabos de energia.