O comércio gaúcho terá um 2022 de melhores perspectivas, com um crescimento de 3,3% do varejo gaúcho geral e de 5,5% do varejo ampliado, que inclui venda de veículos e material de construção, ambos comparados com 2020. O otimismo é resultado da análise feita pelo presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch, e pelo economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes, nesta quarta-feira.
Na análise de 2021 por segmentos, Moraes apontou a reação do setor de tecidos, vestuário e calçados, que deve terminar o ano com um incremento de 16,5% na comparação com 2020. Veículos também devem registrar crescimento de quase 14%, vindo a seguir artigos de uso pessoal e produtos farmacêuticos e médicos.
Para o próximo ano, segundo o economista, os desafios combinam pressões inflacionárias e o aumento da taxa de juros. “A aceleração inflacionária ocorre em função de eventos como a seca e sua consequente crise hídrica e a interrupção das cadeias globais de produção, como consequência das dificuldades logísticas, e também pelo repasse de preços de matérias-primas afetadas pelo câmbio. Logo, o sucesso do choque de juros está dependente também de outros fatores, fora do alcance do Banco Central”, diz.
As projeções da FCDL-RS apontam para um crescimento acima de 1,2% no Brasil, e 1,8% esperado para o RS. No indicador de emprego no varejo do Rio Grande do Sul, até o final de outubro foram criados mais de 26 mil novos postos de trabalho no comércio estadual, totalizando um crescimento de 4,2% ao longo do ano. Isso corresponde a quase 24% do total de trabalhadores formais no estado, totalizando 624 mil colaboradores.
A péssima notícia do balanço foi a expectativa de crescimento da inadimplência para um patamar de 4% em 2022. Moraes, entretanto, destaca que o crescimento esperado para 2022 sinaliza o fim da década perdida em vendas, pois deve superar os níveis de vendas reais equivalentes ao ano de 2014 no caso do varejo geral e os níveis de 2013 no caso do varejo ampliado.
“É um cenário que precisa ser monitorado pelo comerciante. Para tanto, se faz necessário que o varejo aperfeiçoe a gestão de inadimplência, controlando o seu risco e oferecendo oportunidades de negociação a seus clientes”, comenda Koch.