A Polícia Federal de Passo Fundo deflagrou na manhã desta quinta-feira operação “Kãgtén”, com o objetivo de apurar a autoria e circunstâncias de dois homicídios ocorridos da Terra Indígena da Serrinha, no município de Ronda Alta, no dia 16 de outubro deste ano. Outros delitos praticados, como tentativa de homicídio, porte ilegal de arma de fogo e incêndio criminoso, também estão sendo investigados.
Com apoio da Brigada Militar, os policiais federais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão e outros nove mandados de prisão preventiva contra os envolvidos no crime. Houve ainda 11 mandados de busca para apurar os crimes de porte e posse ilegal de arma de fogo e munições por indivíduos ligados à liderança da comunidade, no âmbito do inquérito policial instaurado em 2019 com a operação Vênh Gênh. As ordens judiciais foram realizadas na própria comunidade indígena e ainda na cidade de Ronda Alta, sendo expedidas pela Justiça Federal de Passo Fundo.
O trabalho investigativo indicou que aproximadamente 20 indígenas, que haviam sido expulsos da comunidade, estavam reunidos com o objetivo de protestar contra a liderança da Serrinha. Eles foram cercados e surpreendidos por um grupo armado de dezenas de apoiadores ligados ao cacique.
Vários tiros foram efetuados contra os manifestantes, sendo atingidos e mortos dois indígenas. O restante do grupo que protestava conseguiu fugir, apesar de ser perseguido e de ter sido alvo também de disparos de arma de fogo. Posteriormente, os agressores ainda depredaram completamente o estabelecimento onde o grupo manifestante estava reunido, conhecido como “Recanto do Inácio”. Quatro veículos deixados pelas vítimas foram incendiados.
A operação “Kãgtén” mobilizou em torno de 300 policiais, entre agentes da Polícia Federal, do 3º Batalhão de Polícia de Choque, do Comando Regional do Policiamento Ostensivo do Planalto e do Comando Rodoviário da Brigada Militar, além do Corpo de Bombeiros Militar Rio Grande do Sul.
Conforme a Polícia Federal, a Terra Indígena Serrinha, com uma população de aproximadamente 3,5 mil indígenas, possui recente histórico de sucessivos confrontos violentos nos últimos anos. Em 2017, por exemplo, o próprio cacique foi assassinado em uma emboscada.