OMS: ômicron parece ter maior risco de reinfecção, mas é menos grave que a delta

Diretor-geral, Tedros Adhanom, instou todos os países a contribuírem para a avaliação, transmitindo dados à entidade 

Foto: NIAID/Abr

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta quarta-feira, que a variante ômicron do coronavírus parece ter uma taxa maior de reinfecção, mas causa sintomas menos graves.

“Os dados preliminares da África do Sul sugerem um risco aumentado de reinfecção por ômicron, mas são necessários mais dados para tirar conclusões mais fortes. Também há evidências que sugerem que a ômicron causa sintomas menos graves do que a delta”, disse Tedros Adhanom em um encontro com a imprensa em Genebra.

A fim de obter rapidamente um quadro mais preciso das características da variante, ele instou todos os países a contribuírem para avaliação, transmitindo dados à OMS e, ao mesmo tempo, solicitou que continuem os esforços no campo da vacinação e respeito pelos gestos de barreira.

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, também se referiu a estudos preliminares publicados nos últimos dias que parecem mostrar que a variante ômicron torna a vacina Pfizer/BioNTech menos eficaz, mas pediu o máximo de cautela na interpretação desse dado.

“Há uma grande variação na redução da eficácia dos anticorpos que vai de 4 a 5 vezes menos a 40 vezes menos nesses diferentes estudos”, que se restringem ao efeito sobre os anticorpos, “quando sabemos que o sistema imunológico é algo muito mais complexo”, ressaltou.

“É prematuro concluir que a redução da atividade de neutralização de anticorpos deve resultar em uma diminuição significativa na eficácia das vacinas”, acrescentou.

O gerente de Incidentes para Covid-19 da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Sylvain Aldighieri reforçou o mesmo ponto. Ele afirmou, nesta quarta-feira, que “ainda é muito cedo” para comparar a gravidade dos sintomas provocados por infecções pela ômicron com outras cepas do coronavírus.

Diretor-assistente da Opas, Jarbas Barbosa ressaltou que a cepa delta ainda é a predominante na região das Américas. Por isso, de acordo com ele, o foco dos países da região deve continuar sendo ampliar a vacinação com os imunizantes disponíveis, já que eles são comprovadamente eficazes contra a delta.

Variante detectada em 57 países
Na mesma ocasião, Adhanom informou que a variante ômicron já teve casos confirmados em 57 países. A expectativa é que esse número ainda aumente, espera a OMS.

Líder técnica da resposta à pandemia de Covid-19 pela OMS, Maria Van Kerkhove observou que o avanço da ômicron na África do Sul se deu quando a taxa de contaminação pela variante delta ainda seguia “bem baixa”. “Precisamos ver como a ômicron vai se comportar em outras populações, onde há um número alto de casos da delta”, disse.

Em relação às notícias da Pfizer, cujos estudos preliminares sinalizaram eficácia contra ômicron, a diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS, Katherine O’Brien disse estar ansiosa por mais informações, mas reforçou o caráter preliminar dos dados informados até o momento.