O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) errou no cálculo do número de empregos gerados no Brasil nos últimos dois anos. Para o ministro, entretanto, o erro é irrelevante frente à quantidade de empregos que o país gerou. “Hoje estão dizendo: ah, tem que reavaliar, porque o Caged errou alguns cálculos, e tal. É verdade. Errou o quê? 100 mil, 50 mil. Mas nós estamos falando da criação de 3 milhões e meio de empregos desde o fundo do poço (durante o auge da pandemia de Covid-19)”, disse, em evento da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (AEAA).
Guedes aproveitou para criticar a metodologia de contagem de desempregados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o ministro, o boom de empregos nos últimos meses anunciado pela instituição também pode ter sido adulterado. “O IBGE também revisou suas contas. Porque, de repente, agora, anunciou 3 milhões e 600 mil empregos em 3 meses – gerados 1 milhão e 200 mil empregos por mês. Eu não acredito que criamos tanto emprego assim. Acho que eles estão revendo a metodologia deles. O Caged subestimou a perda de emprego e o IBGE superestimou o desemprego”.
Revisão de dados do Caged
Diferentemente daquilo que havia anunciado Guedes em janeiro, o Brasil demitiu mais do que contratou em 2020. Uma nova atualização do Caged mostra que foram cortados 191.502 postos de trabalho com carteira assinada ao longo de todo o ano passado, ante 142.690 novas vagas anunciadas inicialmente.
A revisão é fruto de um número 5,24% maior de demissões (de 15.023.531 para 15.810.926) e apenas 3% superior de admissões (de 15.023.531 para 15.619.434). A diferença, no entanto, talvez suba ainda mais, já que os dados podem ser atualizados dentro de um período de 12 meses, de acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência Social.
“A grande notícia para nós é que, em um ano terrível em que o PIB caiu 4,5%, criamos 142 mil novos empregos”, comemorou Paulo Guedes ao divulgar os dados do Caged, no dia 28 de janeiro. Ele atribuiu o resultado positivo ao Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda (BEm), criado para limitar as demissões durante a pandemia do novo coronavírus.
Em novembro, o portal R7 revelou um volume de contratações formais 46,75% inferior ao divulgado inicialmente pelo governo, o que representou redução de 75.983 postos formais de trabalho e reduziu à metade o volume de vagas criadas com carteira assinada.
Na ocasião, Guedes minimizou os dados. “Não há mudança relevante em criar 50 mil postos de trabalho a menos”, afirmou, ao enfatizar que o Brasil havia criado 3 milhões de empregos desde o início da pandemia. Ele disse ainda que o “erro do Caged não é culpa do governo” e atribuiu os resultados a uma atualização de dados represados.