O 36ª Encontro Estadual de Professores e 8ª Congresso Nacional de Ensino Agrícola, organizado pela Associação Gaúcha de Professores Técnicos em Ensino Agrícola (Agptea) teve início na noite desta quarta-feira, 24 de novembro, no Centro de Eventos do hotel Laghetto Viverone, em Rio Grande (RS). Com a presença de 130 participantes de diversos Estados, o evento iniciou a discussão de temas relevantes para o setor do ensino técnico agrícola do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Na sua fala inicial, o presidente da entidade, Fritz Roloff, disse que a realização do evento acontece em um momento delicado, no entanto havia a convicção de que era hora de retomar o encontro na forma presencial. “A resposta está aqui com 130 participantes e representantes de Santa Catarina e Rio de Janeiro”, frisou.
O presidente da Agptea lembrou que neste período difícil da pandemia a ideia foi eleger uma temática para discutir estratégias de desenvolvimento sustentável que tragam melhorias não só para quem vive no campo mas também para a humanidade, e sem estas premissas não há como ir adiante, mesmo com os avanços tecnológicos. “Em toda a nossa história constatamos progressos em situações de crise. Talvez a pandemia nos ensine que é possível procurar dentro de nós as melhores sementes”, acrescentou.
O presidente do Conselho dos Diretores das Escolas Técnicas Agrícolas do Estado do Rio Grande do Sul, Luís Carlos Cosman, fez uma solicitação durante a abertura oficial em relação ao momento vivido nas escolas agrícolas do Estado. Para o dirigente, é preciso um olhar diferenciado para as escolas técnicas agrícolas que estão realizando as atividades mesmo durante a pandemia. “O dia a dia nas nossas escolas foi diferente, não pudemos fechar as portas e nossos colaboradores mantiveram as atividades diuturnamente. Isso representa 365 dias na atividade. Solicitamos que o Estado tenha um olhar diferenciado. Sabemos da importância das nossas escolas para a formação dos técnicos em agropecuária e da importância dos técnicos nesse setor para o Estado”, reforçou.
O superintendente da Superintendência da Educação Profissional (Suepro), da Secretaria Estadual da Educação, Frederico Guedes, em sua palavra, abordou a readequação que está sendo realizada no Ensino Médio ao novo momento. Disse que não há como pensar na educação profissional sem estas atualizações que terão início no próximo ano. “Tivemos encontros com professores e conselhos pelo Brasil, e é preciso repensar como levamos as tecnologias ao campo, já existentes nos grandes centros, e com isso ajudar a evitar o êxodo rural. Temos que ser os centros de tecnologias das nossas regiões, com processos, estudos, produções científicas, entre outros” explicou.
Sobre os pontos citados, o superintendente explicou que há um movimento técnico para garantir que as ações da Suepro sejam ações de Estado, sem mudanças de planos em governos, e que, em breve, novas iniciativas serão apresentadas aos professores. “Na atual situação do Brasil no pós-pandemia, entendemos que a educação profissional será fundamental e muitos jovens farão esse movimento e sustentarão as famílias”, destacou.
O prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, agradeceu à Agptea pela escolha da cidade como sede do evento, que conforme salientou, traz um tema tão importante. “Era fundamental estar presente e espero que possamos sair daqui mais fortalecidos do que chegamos”, salientou.
A palestra de abertura do congresso ficou por conta do psicólogo Vilnei Roberto Varzim, professor da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), que abordou o tema “A Arte de Ser Feliz”. O palestrante explicou que até 2020 o mundo estava crescendo em conhecimento e inteligência. Mas a partir de então, comparando com o trânsito, houve um “acidente” chamado pandemia afetando 7,5 bilhões de passageiros no planeta. “O ônibus da pandemia, bateu, virou e ninguém ficou mais no lugar, Ainda não temos ideia clara do que está acontecendo. Em 2021 estamos começando um novo tempo, com o chamado novo normal”, destacou.
Varzim lembrou também o papel dos educadores a partir deste momento em que as aulas retomam a normalidade na forma presencial, em especial para os adolescentes, ajudando-os a resgatar a autoestima. “Nestes últimos dois anos os jovens tiveram roubados um pedaço do seu ser, experimentando um vazio ao terem que ficar dentro de casa. Vocês, professores, darão conteúdos para esses jovens, darão técnica, mas também terão que ter um olhar de afeto, carinho e compreensão. Precisarão entender os comportamentos agitados que estão recolhidos por causa dessa lacuna. No mundo do pós-pandemia vocês devem ser especialistas em abraços”, complementou.