O rendimento mensal de 1% mais rico da população, que recebia em média R$ 15.816, correspondia a 34,9 vezes o da metade da população mais pobre, que ganhava R$ 453, no ano passado. É o que aponta a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) – Rendimento de Todas as Fontes 2020, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita totalizou R$ 207,4 bilhões, 5,6% menor que a estimada para 2019. A parcela dos 10% da população com os menores rendimentos detinha 0,9% dessa massa, enquanto que os 10% com os maiores rendimentos concentravam 41,6% em 2020.
Segundo o IBGE, este último grupo possuía uma parcela da massa de rendimento quase equivalente à dos 80% da população com os menores rendimentos (43,0%). Contudo, entre 2019 e 2020, o grupo dos 10% com maiores rendimentos perdeu participação na massa de rendimento domiciliar per capita (1,2 ponto percentual), enquanto os décimos de menor rendimento tiveram variação positiva.
A Região Sudeste apresentou a maior massa de rendimento do país (R$ 144,4 bilhões), o que correspondia a 50,7% da massa total. As Regiões Sul (R$ 48,1 bilhões) e Nordeste (R$ 51 bilhões) produziram juntas cerca de ⅓ da massa do país, enquanto as Regiões Norte (R$ 16,4 bilhões) e Centro-Oeste (R$ 24,6 bilhões) foram responsáveis pelo equivalente a 5,8% e 8,6%, respectivamente.
Entre 2019 e 2020, apenas as Região Norte e Nordeste apresentaram aumento na massa de rendimento domiciliar per capita (3,6% e 1,4%, nessa ordem), ao passo que a Região Sul foi a que apresentou maior redução (-5,7%), seguida pela Região Sudeste (-5,2%).
Ao observar a estratificação em classes de percentual das pessoas em ordem crescente de rendimento domiciliar per capita em 2020, constatou-se que aproximadamente metade da população com menores rendimentos recebeu, em média, R$ 453. Se comparado a 2019, esse rendimento foi 3,9% mais elevado (R$ 436), enquanto na comparação com 2012 houve aumento de 9,2% na média nacional (R$ 415).
Rendimento médio mensal real domiciliar per capita
O rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1.349, em 2020, 4,3% menor que o estimado em 2019 (R$ 1.410). As Regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores valores (R$ 896 e R$ 891, respectivamente), apesar do aumento de 2,3% e 0,9% no período. A Região Sudeste se manteve com o maior rendimento domiciliar per capita médio (R$ 1.623), seguida pela Região Sul (R$ 1.597). Entre 2019 e 2020, houve redução do rendimento médio nas Regiões Sudeste (6,0%), Sul (6,3%) e Centro-Oeste (5,2%).
Em 2020, havia 211,1 milhões de pessoas residentes no país, ante 197,7 milhões em 2012. A Região Sudeste concentrava a maior parte da população (42,2%), seguida das Regiões Nordeste (27,1%), Sul (14,3%), Norte (8,7%) e Centro-Oeste (7,8%). Do total, 128,7 milhões (61,0%) possuíam algum tipo de rendimento.
Entre os fatores que ajudam a explicar a queda da massa de rendimento do trabalho da população ocupada, entre 2019 e 2020, está a forte redução da população ocupada (queda de 8,7%), chegando ao menor contingente da série (84,7 milhões).
Por outro lado, com a saída da ocupação de 8,1 milhões de pessoas no período, o rendimento médio habitualmente recebido de todos os trabalhos apresentou aumento de 3,4% entre 2019 e 2020, o que pode indicar que aqueles que continuaram ocupados tinham rendimento do trabalho maior, puxando a média para cima. No entanto, pesou mais a redução da ocupação que o aumento de rendimento médio para explicar a queda da massa de rendimento no país.