O prefeito Sebastião Melo (MDB) busca um ponto de equilíbrio entre a vida noturna de Porto Alegre e o sossego dos moradores. As constantes reclamações sobre o consumo de bebidas nas ruas e casos emblemáticos de violência em centros boêmios, como a tentativa de assalto ao policial que estava à paisana na Cidade Baixa, há dois dias, preocupam.
Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, nesta quarta-feira (10), o político reiterou que a força-tarefa de monitoramento montada para o bairro Moinhos de Vento será ampliada. Uma das propostas da administração é restringir a venda de bebidas alcoólicas por ambulantes – prática apontada como uma das origens do problema.
“Alô, mercadinho aí da Padre Chagas. Após o decreto, se o senhor vender bebida a partir da meia-noite, eu vou lhe fechar. E as motos que saem dos quatro cantos da cidade com o ‘kit bebida’ também. Os caras bebem, tentam entrar nos bares, não são autorizados a usar o banheiro e acabam fazendo necessidades na rua. A bagunça se estabeleceu”, afirma.
Melo defende que os espaços da Capital tenham uso misto, mas que uma atividade não interfira na outra. A avaliação é de que alguns dos pontos mais tradicionais da cidade, como o Parcão e a Redenção, estão sendo deixados de lado pela população em razão da degradação causada pelas aglomerações noturnas.
“Nossa primeira parada será na rua da República, onde nós perdemos a mão. Estamos com muita, muita dificuldade. Aquele pessoal do Moinhos de Vento, por exemplo, fica até as 3h na rua e depois vão para o Parcão. De manhã, é garrafa, é xixi, é lixo na rua. As pessoas que levantam para caminhar no lugar, não conseguem”, explica.
O prefeito admite que a solução definitiva para o problema passa pela descentralização das atrações de lazer para a população. Por isso, a administração deve começar a pensar em espaços que possam receber os jovens nas periferias. Também já há o diagnóstico de que parte destas pessoas não vive em Porto Alegre, mas sim na Região Metropolitana.
Futuro da EPTC
Outro objetivo do emedebista é promover uma reforma na atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Sebastião Melo acredita que a autarquia possa custar menos aos cofres públicos e ser mais eficiente caso fique restrita à operação do trânsito, deixando a fiscalização à cargo da Guarda Municipal.
“A EPTC, pra mim, é uma empresa que nasceu muito corporativista. Muito caro. Em dez anos, a cidade aportou ali R$ 1,2 bilhão em recursos. Ela tem 1200 funcionários, sendo que 500 são agentes de trânsito. Nós vamos migrar parte dela para a Secretaria de Mobilidade Urbana, e talvez saia um programa de demissão voluntária nisso”, promete.
Neste âmbito, a principal dificuldade da administração será jurídica – uma vez que os servidores da EPTC são celetistas, enquanto os agentes da GM são concursados. Porém, conforme o político, a ideia é promover uma maior integração entre as duas forças de segurança para otimizar os serviços e reduzir custos.