Mais uma vez na tentativa de se blindar de críticas sobre a alta dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro voltou a jogar o problema no colo da Petrobras e a criticar a empresa. “Os dividendos são, no meu entender, absurdos. R$ 31 bilhões em três meses. Eu não quero na parte da União ter esse lucro fantástico”, afirmou o chefe do Executivo na manhã desta segunda-feira.
No final de outubro, Bolsonaro já havia dito que a Petrobras não poderia dar um lucro muito alto, causando impacto negativo no mercado financeiro. A petrolífera registrou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre deste ano.
O presidente ainda voltou a criticar a política de preços da Petrobras, chamada por ele de equivocada. “Nós somos autossuficientes em petróleo, não justifica isso aí. Não podemos ficar escravizados ao preço lá de fora”, afirmou, sobre o alinhamento dos reajustes de preços no Brasil à variação do petróleo no mercado internacional. “Lucro da Petrobras, ao longo dos anos, grande parte vai para acionistas”, acrescentou. As declarações foram dadas em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba.
Esta não é a primeira vez que o presidente critica a Petrobras. “Tenho vontade de privatizar a Petrobras. Estou conversando com a equipe. Porque, quando aumenta a gasolina, a culpa é minha. Quando aumenta o gás, a culpa é minha”, disse em live realizada em 10 de outubro.
Duas semanas depois, no dia 27 de outubro, o presidente voltou a criticar a estatal, dizendo quje a empresa só dá “dor de cabeça” a ele. “Alguns acham que a culpa [do preço dos combustíveis] é minha. Eu posso interferir na Petrobras? Eu vou responder a processo. O presidente da Petrobras vai acabar sendo preso. É uma estatal que, com todo respeito, só me dá dor de cabeça”, disse.
No dia seguinte, novo comentário sobre a empresa. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro defendeu a privatização da empesa que ela passasse a investir mais recursos em iniciativas sociais. No entanto, queixou-se de que a estatal tem registrado um lucro muito alto nos últimos meses e disse que a empresa poderia registrar uma “arrecadação menor”.
“Queremos que a Petrobras não seja deficitária, obviamente, e dê mais atenção em gás, não apenas em outras áreas. A gente quer uma Petrobras voltada para isso, mas carecemos de mudanças de legislação. Ninguém vai quebrar contrato nem inventar nada, mas tem que ser uma empresa que não dê um lucro muito alto como tem dado. Porque, além de lucro alto para os acionistas, a Petrobras está pagando dívidas bilionárias”, comentou o presidente.