O diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello Filho, confirmou, nesta quarta-feira, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 ter sido chefe de gabinete do atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Rebello atuou para o deputado quando ele era ministro da Saúde, entre 2016 e 2018.
Apesar da ligação, ele negou que a indicação para a ANS tenha tido a atuação de Barros. “Não, não teve nenhuma participação na minha indicação para a ANS”, afirmou. Rebello teve o nome aprovado pelo Senado em julho deste ano, após um recuo do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que Bolsonaro tinha encaminhado uma mensagem ao Senado pedindo a retirada do nome, e o mandatário publicou a desistência. No mesmo dia, o presidente voltou atrás e a indicação acabou sendo votada.
“Meu nome havia sido indicado desde dezembro do ano passado e, na véspera, no dia 12, se não me falha a memória, dia 12 de julho, houve a retirada do meu nome, mas, na data seguinte, no dia seguinte, houve novamente a manutenção da mensagem, a sabatina foi realizada e meu nome confirmado no Plenário desta Casa”, afirmou o presidente da ANS aos senadores.
Segundo Paulo Rebello, a indicação à ANS partiu do ex-ministro da Saúde Gilberto Occhi, que ficou no cargo entre 2018 e 2019. A afirmação gerou irritação do senador Otto Alencar (PSD-BA). “Aí, sinceramente, você me dizer uma coisa dessas, você está achando que nós somos aqui o quê? Inocentes? Para não achar que sendo chefe de gabinete do Ricardo Barros, ele não teve interferência na sua indicação? Está faltando com a verdade”, frisou.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pontuou que Occhi sucedeu Barros por indicação do próprio deputado “e por indicação do mesmo consórcio envolvendo o Partido Progressista”.