O Facebook enfrenta, nesta segunda-feira, a queda de sistema mais importante da história da rede social, aponta Arthur Igreja, especialista em tecnologia e segurança digital e professor convidado da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele lembra que “blackouts” do sistema da empresa de tecnologia já ocorreram, mas nunca duraram mais de duas horas.
“[As quedas] já aconteceram várias vezes, mas normalmente o tempo de recuperação é de uma hora, no máximo duas horas. Nós estamos vivenciando algo que está ultrapassando esse tempo, então chama a atenção por não ser algo pequeno.”
Segundo Arthur, não há como indicar no momento o motivo exato para a queda das redes sociais do Facebook, mas especula possíveis falhas nos servidores.
“Nós podemos ter falha em alguma atualização, problemas nos servidores de sustentação — algo que já aconteceu outras vezes — e historicamente o problema mais comum, que é o problema de DNS.”
O DNS é uma espécie de agenda de contatos da internet, que assim como a agenda de telefones do nosso celular, dá nome aos números para facilitar a memorização dos dados. Quando abrimos uma aba no navegador e digitamos o endereço, automaticamente o sistema transforma aquelas palavras em uma sequência de números.
Quando há problema no DNS, o endereço do site não consegue encontrar o número correspondente, o que impede a página de ser carregada.
O especialista também não descarta a possibilidade de um ataque hacker, apesar de acreditar que essa possibilidade é extremamente remota.
Por que o Twitter é mais estável que o Facebook?
Para Arthur, a resposta é fácil: simplicidade. Enquanto o Facebook se vale de um ecossistema extremamente complexo, com Instagram, WhatsApp e outros sites, o Twitter por si só opera um universo menor.
“A amplitude e complexidade do Twitter é sensivelmente mais simples, se pudermos falar desta maneira. Já o Facebook trabalha com todo esse mecanismo extremamente delicado, de muitos aplicativos dentro de um ecossistema que está todo entrelaçado.”
Ainda segundo Arthur, servidores reservas não conseguem evitar falhas como a de hoje, já que o problema, provavelmente, se trata de rotas de acesso. Como exemplo, o especialista explica que a queda de hoje é como uma estrada bloqueada por um acidente, onde não há como atravessar.
Apesar da queda de 5% das ações do Facebook na bolsa norte-americana, Arthur destaca que o maior prejuízo com essa falha vai ser de pequenos empresários que se valem das redes sociais para fazerem negócios.
“O maior impacto acontece nos pequenos e médios negócios que aprenderam a usar essas ferramentas para poder tocar seus negócios, especialmente na pandemia, com todo mundo fazendo mais atividades profissionais remotas”, concluiu Arthur.