Construção contrata cada vez mais, mas salários estão 12% menores

A atividade puxou os números positivos do emprego da Pnad Contínua, do IBGE, com 1,3 milhão de admissões em um ano

Setor da construção civil repercute impasse sobre retomada em Porto Alegre | Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Setor da construção civil repercute impasse sobre retomada em Porto Alegre | Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

O setor de construção civil nacional foi destaque nos dois índices que medem a situação do emprego no país divulgados nesta semana. A má notícia é que os salários estão cada vez menores.

Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no trimestre encerrado em julho de 2021 a construção contratou 23,8% mais do que no mesmo período do ano passado, ou 1,3 milhão de pessoas.

Mais empregados, mas com ganhos encolhendo. O instituto detectou que o salário médio dos funcionários do segmento está 12,3% menor em relação ao mesmo trimestre do ano passado (maio, junho e julho de 2020).

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), também do IBGE, apontou aumento de 8,99% nos últimos doze meses até julho.

Dados do Ministério do Trabalho

As contratações com carteira assinada também tinham sido apontadas pelo Ministério do Trabalho um dia antes, na quarta-feira (29), quando do anúncio da atualização do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de agosto.

O Caged mostrou que o setor abriu 32 mil vagas só em agosto, aumentando para 237.985 o número de novos empregados em 2021.

No fim de agosto, as empresas voltadas a essa atividade empregavam 2.511.526 trabalhadores com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho. Em relação ao mês anterior (julho), o  salário médio de admissão na categoria caiu 1,14% e estava em R$ 1.843,79.

O presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo), Odair Senra, afirmou que “o crescimento do emprego na construção demonstra a persistência do setor em superar os desafios de entregar as obras contratadas, a despeito das incertezas no ambiente econômico”.

Ele se mostra preocupado com o futuro por causa dessas mesmas turbulências e teme demissões no setor em razão da possível redução na demanda.