Começa nesta sexta-feira a campanha nacional de multivacinação destinada para crianças e adolescentes menores de 15 anos, com foco em 14 doenças diferentes. O objetivo principal é colocar o calendário vacinal do público jovem em dia. Em decorrência da pandemia da Covid-19, caiu expressivamente a procura pelas vacinas de aplicação rotineira, conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES). O temor é que isso facilite a volta de doenças já erradicadas e o avanço da contaminação.
Uma das ameaças é o retorno da pólio (ou poliomielite), também conhecida como paralisia infantil. A doença é causada por um vírus transmitido através de fezes contaminadas ou secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. O último caso de poliomielite registrado nas Américas ocorreu no Peru, em 1991. O continente americano recebeu o Certificado de Eliminação do Poliovírus Selvagem em 1994. Mas apesar de o país estar há quase 30 anos sem casos confirmados, o risco de reintrodução da doença existe, já que o vírus permanece circulando em dois países no mundo: Paquistão e Afeganistão.
A campanha termina em 29 de outubro. A recomendação é de que, a partir deste sábado, cidades promovam um “Dia D” para vacinação, cada uma com uma estratégia local. Muitas terão passe livre nos ônibus e horários estendidos para imunização. Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal da Saúde anunciou, nessa quarta, que vai fazer o “Dia D” em 16 de outubro.
“Com o retorno gradativo à rotina, as crianças estão voltando a frequentar s escolinhas e as doenças podem reaparecer também, já que os vírus podem circular novamente em função das baixas coberturas vacinais desse público”, explica Tani Ranieri, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Ao todo, o calendário de vacinação prevê 14 tipos de vacinas até os sete anos de idade e outras oito até os 15 anos, fora as vacinas da gripe e da Covid-19. Mais de dois milhões de pessoas no Rio Grande do Sul fazem parte do grupo. Considerando dez das vacinas previstas até o primeiro ano de idade, em nenhuma delas se alcançou a meta de vacinação, de atingir ao menos 95% do público nos últimos quatro anos. Em 2020, nenhuma ficou acima dos 90%.