O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que o país enfrenta um momento delicado devido à alta da inflação, que deixa alimentos e combustíveis mais caros, mas negou que isso aconteça por “maldade” do governo federal. O chefe do Executivo alertou que o cenário pode ficar ainda mais desfavorável e disse que “nada está tão ruim que não possa piorar”.
“Temos muitos obstáculos. São intransponíveis? Não, mas depende do entendimento de cada um. Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4 ou menos? O dólar a R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte, é uma realidade. E tem um ditado que diz: ‘Nada está tão ruim que não possa piorar’. Não queremos isso porque temos o coração aberto, e tem uma passagem bíblica que diz: ‘Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna'”, comentou Bolsonaro, nesta segunda-feira, durante solenidade no Palácio do Planalto em alusão à marca de mil dias de gestão.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador considerado a prévia da inflação oficial do país, teve alta de 1,14% em setembro, o maior resultado para o mês desde 1994. Em 12 meses, o índice acumula alta de 10,05%.
O resultado de setembro é puxado pela alta dos combustíveis. A gasolina, por exemplo, subiu 2,85%. Em 12 meses, o preço do combustível aumentou 39,05%. Segundo o IBGE, também apresentaram altas em setembro o etanol (4,55%), o gás veicular (2,04%) e o óleo diesel (1,63%).
Bolsonaro reclamou das críticas ao governo federal devido à piora nos indicadores econômicos e lembrou que a pandemia da Covid-19 contribuiu para a alta da inflação e do câmbio. O presidente destacou ainda que outros países, como Reino Unido e Estados Unidos, vêm passando pelas mesmas dificuldades que o Brasil.
“Mil dias de governo e uma pandemia, e muitos acham que o que acontece hoje no tocante a economia, inflação, preço de combustíveis, de alimentos, entre outros problemas, está acontecendo porque eu sou presidente e não em grande parte pelo que nós passamos e estamos passando ainda. Nos Estados Unidos ninguém culpa o governo pelo que acontece nos combustíveis”, ponderou.
Bolsonaro destacou que conversa com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o que é possível fazer para “melhorar ou diminuir o preço na ponta da linha”. “Nós temos que ter conhecimento do que está acontecendo antes de culpar quem quer que seja; só assim nós podemos ter soluções para o nosso Brasil. Ninguém tem o que nós temos”, observou.