Um estudo realizado com dados Instituto Geral de Perícias (IGP) analisando o período entre 2017 e 2019, no Rio Grande do Sul, apontou que o suicídio entre idosos aumentou. Os dados mantêm o estado como recordista de casos entre a população dessa faixa etária. Porto Alegre aparece como a campeã, entre as capitais, nesse mesmo indicador. A pesquisa analisou 4.019 ocorrências de suicídio. Desses, 1.145 envolveram idosos, o que corresponde a 28,5% do total – o dobro em relação ao estado do Mato Grosso, por exemplo. Entre 2001 e 2015, o índice relativo de suicídios entre idosos era de 23,3%.
A autora do projeto, perita Maria Cristina Frank, detalha que o atual cenário é assustador e considera que o resultado da pesquisa é um sinal de alerta. “A gente precisa compartilhar essas informações com as autoridades, com quem elabora programas, para que direcionem recursos a essas ações de acolhimento, para que tenhamos mais serviços de saúde mental, para que se possa identificar os sinais de alerta”, destacou.
A taxa média anual de mortalidade em razão de suicídios, registrada na faixa etária acima dos 60 anos, chega a 19,1 casos a cada 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul. O aumento, entre o primeiro e o terceiro ano abrangidos pelo estudo, é de 17,7%. Foram 345 casos em 2017, 394 em 2018 e 406 em 2019.
O número médio anual de suicídios de idosos no Rio Grande do Sul nesse período – 382 – é duas vezes superior ao registrado na Itália (2005-2010) e quatro vezes maior que o da Irlanda (1997-2006). Ainda assim, os dados obtidos no RS são menos alarmantes quando comparados com os dos EUA, Coreia do Norte e China.
O estudo apurou, também, as taxas de suicídio referentes à região em que ocorreram. Porto Alegre teve a maior quantidade absoluta de casos: 80. Venâncio Aires, porém, dominou a tabela dos municípios com mais de dez mil habitantes idosos, com 71,6 casos a cada 100 mil habitantes. Os três casos registrados em Camargo, próximo a Passo Fundo, garantiram ao município a maior taxa na relação a cada 100 mil habitantes – 162,5.
A pesquisa avaliou, ainda, as análises toxicológicas das amostras biológicas, que são coletadas nas mortes violentas ou com suspeita de violência, para identificar a presença de álcool, drogas e medicamentos no organismo dos idosos que se suicidaram. Foram realizadas 1.895 análises laboratoriais em amostras de fígado, conteúdo estomacal, urina e/ou sangue. A presença de etanol apareceu em 16,3% dos idosos submetidos ao teste de alcoolemia. Já os medicamentos foram detectados em 33% das análises.
Como buscar ajuda
Quem precisar de ajuda pode procurar o Centro de Valorização da Vida (CVV). A equipe do CVV presta apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que queiram ou precisem conversar, sob sigilo total, por telefone, email e chat 24 horas por dia. O telefone para contato é o 188.