O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira que a existência de eventos adversos não é motivo para deixar de vacinar pessoas contra a Covid-19. “O Brasil já vacinou mais de 3,5 milhões de adolescentes. A gente teve um efeito adverso e a mim cabe avaliar esses efeitos adversos da vacina. Eles existem e não são motivos para suspender campanha de vacinação ou relativizar seus benefícios, mas a autoridade sanitária deve avaliar esses casos até para que façam as notificações devidas”, afirmou.
A declaração ocorreu em Nova York, onde Queiroga acompanha o presidente Jair Bolsonaro, que discursa amanhã na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Queiroga criticou a falta de compromisso de estados com o Programa Nacional de Imunizações (PNI). O ministro da Saúde reafirmou parte do discurso feito na semana passada, quando o Ministério da Saúde decidiu recomendar a suspensão da imunização em adolescentes e disse que governos estaduais começaram a vacinar jovens antes do previsto.
“Tenho defendido fortemente se obedecer às recomendações do PNI, o que lamentavelmente não é feito”, disse o ministro. “O que ocorre é que se vacinou de maneira diferente, e [dizem que] está faltando a segunda dose. Não está. É porque se distribuiu a vacina de uma forma desconforme”, ressaltou.
Na semana passada, quando a Pasta recomendou a suspensão da imunização de adolescentes, o ministro ressaltou que foram identificados 1,5 mil eventos adversos em adolescentes imunizados, todos eles de grau leve. Marcelo Queiroga citou ainda o caso da morte de uma jovem em São Paulo, cuja relação com a vacina vinha sendo investigada. Na última sexta-feira, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo atribuiu o óbito da jovem a uma doença autoimune chamada de púrpura trombótica trombocitopênica.
Sobre a participação do Brasil na Assembleia Geral da ONU, Queiroga adiantou que o governo brasileiro quer mostrar ao mundo que avançou na vacinação contra a Covid-19 e na vigilância sanitária e de variantes do novo coronavírus. Questionado sobre a possibilidade de o Brasil anunciar no encontro a doação de vacinas ao Haiti, o ministro da Saúde preferiu a cautela. “O Brasil defende a ampliação do acesso às vacinas. Quando houver uma posição definitiva acerca desse tema, conversaremos com vocês”, respondeu aos jornalistas que cobrem a agenda da comitiva brasileira.
Ainda durante a conversa, Queiroga avaliou que o Brasil vai muito bem na estratégia de vacinação e disse que não há motivo para acelerar a imunização. “Às vezes, acelerando demais você pode escorregar na curva e sobrar. O Brasil já vai muito bem na vacinação. Temos uma perspectiva real, em função das doses que estamos distribuindo, de no final de outubro termos toda a população acima de 18 anos vacinada com as duas doses. Já começamos a distribuir vacinas para os idosos para dar a dose de reforço”.