Dos vinte países com maior emissão de carbono, o Brasil é quem tem mais oportunidades para se tornar carbono neutro. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Marcello Brito, em evento online promovido pela Federasul, numa edição especial do projeto “Tá na Mesa” com o tema “Megatendências para o Brasil: Potência Agroambiental”, durante a 44ª Expointer, nesta quarta-feira.
Brito acrescenta ainda que acredita na capacidade do setor do agronegócio atingir essa meta até antes de 2050. “O Brasil é quem tem as maiores oportunidades para atingir esse patamar até 2050. Penso que o agronegócio brasileiro tem capacidade para antecipar essa meta”, pontuou. Tendência mundial, ser “carbono neutro” significa que todas as emissões de CO2 são compensadas e neutralizadas, o que limita a agressão a atmosfera.
Para isso, o presidente da ABAG listou ações que o país deve tomar para alçançar esse patamar. “Precisamos, sem dúvida, acabar com o desmatamento ilegal. Também promover práticas de agricultura de baixo carbono. O que já demonstramos ser possível. Quando vejo o pessoal plantando árvore em pasto, pois já foi provado que o sombreamento do gado aumenta produtividade, mostra que estamos incorporando a tecnologia”, explicou.
Conforme Brito, as medidas são necessárias pois o Brasil já é uma potência no agronegócio mundial, e destacou a parcela do setor na economia nacional. “Hoje representamos 26,6% do PIB nacional, com 7,5 trilhões de reais. Podemos chegar esse ano a 30%”, salientou. “Não pelo motivo correto, que é o forte crescimento, mas principalmente pela redução dos outros setores. Não sei se poderemos celebrar essa alegria”, acrescentou.
O presidente da ABAG também garantiu que a narrativa de complô mundial é utilizada por muitos países, mas não se encaixa na situação brasileira. “Todos países tentam essa narrativa do mundo contra nós. Isso não é verdade. O jogo internacional é muito forte, é muito bruto, é feito para gente competente, que sabe se posicionar e contornar essas questões”, salientou. “Um país como o Brasil, que exporta para mais de 180 países no mundo, não pode alegar complô”.
O empresário reiterou a importância da China nas exportações do agronegócio nacional e nesse processo para os próximos anos. “Chineses representam 40% das exportações brasileiras e esperam dobrar a demanda em produtos agrícolas até 2050. Se eles vão dobrar, precisamos ser parceiros integrantes desse processo, com alinhamento inteligente”.
Responsável por abrir o painel, o presidente da Federasul, Anderson Cardoso, enalteceu os resultados coletados pelo agronegócio em 2020. “Se existe um Brasil que dá certo, esse Brasil é o do agronegócio certamente. Cada vez mais quebra recordes, alavanca o PIB, investe em tecnologia e informação”, disse.