Um dia após defender o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrou Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, para dar andamento ao processo de destituição de Bolsonaro de seu cargo.
“Lamento que ele não tenha compromisso com a democracia. Porque, se tivesse, estaria colocando em pauta o impeachment do presidente Bolsonaro”, afirmou Doria em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, reagindo ao pronunciamento de Lira sobre os atos de 7 de setembro em capitais brasileiras.
“Os poderes têm delimitações. O tal quadrado deve circunscrever o seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não pode admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página”, havia afirmado Lira mais cedo, também na tarde desta quarta.
A respeito de uma frente ampla envolvendo o Partido dos Trabalhadores contra o presidente, que seria de interesse também da presidente nacional do PT, Gleise Hoffmann, Doria despistou e disse que essa será uma decisão de Bruno Araújo, mandatário do PSDB no Brasil. “Cabe ao presidente do nosso partido, Bruno Araújo. Ela (Gleise) é presidente do PT, deve manter entendimento com Araújo”, respondeu.
O governador paulista também falou mais uma vez sobre as manifestações em capitais brasileiras a favor de Bolsonaro durante a terça-feira, e voltou a se posicionar de maneira contrária e crítica ao presidente:
“[Minha posição é] contra os arroubos autoritários do presidente Bolsonaro, ameaçando a Suprema Corte, ameaçando nominalmente um dos ministros do STF, Alexandre de Moraes, ameaçando a democracia e o Brasil. É o tipo de arroubo autoritário que não queremos ver no país e não queremos voltar ao tempo da ditadura de triste memória no nosso país.“
“Aqui em São Paulo ele não terá eco junto ao governo do estado para falar qualquer impropriedade. Nós garantimos proteção física ao ministro Alexandre de Moraes e aos demais ministros. Defendemos sempre a democracia e o estado democrático de direito“, concluiu.
Acerca dos atos marcados para o próximo domingocontra Bolsonaro, Doria não confirmou se estará presente. “Não se trata de grupos simpáticos a mim ou não, mas grupos que defendem a democracia. Sobre a minha presença no dia 12 ainda está em avaliação”, disse.