O tradicional desfile militar de sete de setembro, cancelado pelo segundo ano consecutivo em razão da pandemia, dará lugar a duas manifestações distintas nas principais cidades brasileiras. Apoiadores e opositores ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometem ir às ruas para reiterar os seus posicionamentos políticos, em um movimento aflorado pelas declarações do próprio governante.
Em Porto Alegre, os grupos estarão separados por apenas três quilômetros. Enquanto as pessoas alinhadas ao Governo Federal prometem se concentrar nas imediações do Parcão, no bairro Moinhos de Vento, os contrários terão como ponto inicial do ato o Parque da Redenção, no bairro Farroupilha. A tendência é de que as duas manifestações sejam reforçadas por caravanas do interior.
Apoiadores de Bolsonaro não devem sair do Parcão
O ato pró-Bolsonaro é organizado pelo movimento Livre Iniciativa RS. Nas redes sociais, o grupo prevê que a chegada dos primeiros apoiadores aconteça por volta das 15h. Antes, entretanto, uma carreata deve ser realizada entre a sede de uma loja de departamento, na zona Norte de Porto Alegre, até o Parcão. O espaço, tradicionalmente usado pelos partidos de direita na Capital, receberá um reforço na estrutura para a ocasião.
Além de banheiros químicos, serão oferecidas unidades móveis para a alimentação e carros de som para o entretenimento do público. Até o momento, com a exceção da carreata que antecederá o ato, não há previsão de que os apoiadores do presidente façam algum tipo de deslocamento nas ruas. As principais reivindicações do grupo são o impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e o voto impresso.
Opositores de Bolsonaro promoverão uma passeata
A manifestação contra o Governo Federal terá como carro-chefe o “Grito dos Excluídos”, que percorre as ruas de Porto Alegre há décadas, sempre no feriado da Independência. O ponto de encontro do grupo será o espelho d’água da Redenção, onde a movimentação deve se intensificar por volta das 11h30min. Duas horas depois, terá início uma passeata. O trajeto ainda não foi revelado pelos organizadores.
A promessa é de que o ato – crítico à postura de Bolsonaro na condução do país em meio à pandemia e à alta no preço dos alimentos e combustíveis – também reúna milhares de pessoas, de todas as partes do Estado. Entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) mobilizarão os seus filiados, ao longo de todo o dia, em razão dos protestos.
Manifestações geram polêmica em Brasília e São Paulo
Apesar da previsão de grandes atos em Porto Alegre, todos os olhos estarão voltados para Brasília. O esquema especial de bloqueio da região do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto já impede a circulação e o acesso a parte importante da Esplanada dos Ministérios na manhã desta segunda-feira (6). A interdição foi antecipada para evitar a depredação do patrimônio público, por manifestantes que prometem um sete de setembro “gigante”.
Em São Paulo, a grande polêmica é o envolvimento de policiais militares na mobilização pró-Governo. O procurador-geral de Justiça do Estado, Mario Sarrubbo, recomendou à Secretaria Estadual de Segurança Pública o uso da força, caso necessário, para barrar a participação dos agentes nos atos. A tendência é de que o presidente da República participe de ambas mobilizações, em horários não divulgados.