Prefeitura de Porto Alegre mantém esquema especial de transporte para atender linhas da Carris

Para garantir 100% da tabela de ônibus, empresas privadas assumiram linhas nesta sexta-feira

Foto: Ricardo Giusti/CP

A Prefeitura de Porto Alegre manterá, durante toda esta sexta-feira, o esquema especial do transporte coletivo, que vigora desde as primeiras viagens da manhã. A mudança na operação, que fez com que outras empresas assumissem as linhas de responsabilidade da Carris, ocorreu devido manifestação e paralisação parcial dos rodoviários da Carris. Contudo, um acordo judicial garantiu a circulação de ao menos 65% da frota nesta sexta-feira. O restante teve cobertura dos consórcios Viva Sul, Leste e MOB. O descumprimento do acordo acarreta multa diária de R$ 20 mil ao sindicato dos rodoviários.

De acordo com o Executivo, a permanência do esquema operacional para hoje tem por objetivo “minimizar o impacto da manifestação dos funcionários da Carris e não prejudicar a rotina dos usuários das linhas da Capital”. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a Carris está atendendo a C1, C2, C3, 353, D43, T2/T2A, T2A1, T8, T10 T13, V375, T5.

O consórcio Viva Sul assumiu as linhas T3, T11, T12 e T12A. O consórcio Via Leste ficou com as linhas T6, T9 e 343. E o consórcio MOB ficou com as linhas T4, T1 e T7. As lotações estão liberadas para circular com passageiros em pé no interior dos veículos.

Passageiros como “guias” nas linhas de ônibus

De acordo com o município, só pela manhã 70 veículos da companhia de ônibus estatal tinham saído da garagem. Dessa forma, os efeitos da paralisação foram reduzidos. Apesar disso, muitos passageiros se queixaram da demora dos horários e dos ônibus lotados.

Os efeitos do protesto dos funcionários da Carris só ficaram mais evidentes no decorrer da manhã, especialmente depois das 7h. Antes disso, o fluxo de passageiros no terminal Triângulo, que concentra uma grande quantidade de linhas, estava praticamente normal.

A única surpresa para os passageiros naquele momento ficava por conta das linhas assumidas pelos consórcios. Isto porque nem todos os motoristas das empresas privadas conheciam os itinerários que assumiram. Por causa disso, era solicitada a ajuda de passageiros para orientar os profissionais sobre o trajeto correto.

No paradão localizado no viaduto ao lado da Igreja São Jorge, na avenida Aparício Borges, o clima era de impaciência. Por volta das 7h20min, o jardineiro Wilson Luiz Rosa da Silva, esperava por mais de uma hora a chegada do T4. “Passou um antes, mas estava lotado e não parou”, queixou-se. Do outro lado da rua, a esteticista Karina Garibaldi, também esperava pelo T4 havia cerca de 30 minutos. “Está muito difícil e vou chegar atrasada”, disse. Ônibus como o T1, quando estacionavam, acabavam levando um grande número de passageiros.

Protestos contra privatização

Durante a madrugada desta sexta-feira, funcionários da Carris, integrantes da Comissão dos Funcionários da empresa, movimentos sociais, vereadores da oposição e representações sindicais se posicionaram em frente ao portão principal da empresa de transportes, localizado na rua Albion, no bairro Partenon, na zona Leste da cidade. A ideia era aguardar a chegada dos ônibus que transportavam outros colegas para o trabalho e abordá-los na entrada. Porém, os veículos entraram pelo portão lateral da empresa, localizado na avenida Ceres.

A proposta da mobilização era fazer uma greve geral e pressionar o prefeito Sebastião Melo a retirar o PL 013/21 da Câmara de Vereadores, onde deve ser votado nos próximos dias. Porém, a adesão ao movimento foi abaixo do esperado e muitos funcionários decidiram ir trabalhar.

Para evitar a aproximação dos manifestantes, a Brigada Militar posicionou o pelotão de choque e a cavalaria, isolando o acesso. Foi por este mesmo portão lateral que a Carris consegui liberar os 70 carros que operaram durante a manhã em Porto Alegre.

Ainda pela manhã, os manifestantes realizaram uma caminhada pelo corredor de ônibus da avenida Bento Gonçalves até o paradão da Igreja São Jorge, onde houve distribuição de panfletos aos passageiros. O grupo foi acompanhado pela Brigada Militar e por agentes da EPTC. Depois disso, os manifestantes retornaram pelo mesmo caminho à sede da empresa. O ato trouxe alguns transtornos ao trânsito.