Os trabalhadores da Carris decidiram, em assembleia nesta sexta-feira, paralisar as atividades na próxima quinta-feira. Nessa data, termina o prazo de dez dias acordado entre a categoria e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, para tramitação da proposta de privatização da empresa na Câmara de Vereadores antes da votação. O prazo também é o estabelecido, em audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região (TRT4) com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte (Stetpoa), da companhia e do Município, para que o movimento grevista não seja declarado ilegal.
Na assembleia desta sexta, 150 funcionários votaram unanimemente pelo movimento grevista. O vice-presidente da Comissão dos Funcionários da empresa, Marcelo Weber, informou que a paralisação só vai ser suspensa se houver alguma sinalização por parte do Legislativo ou do prefeito. “Na segunda-feira, nós vamos para a Câmara para tentar negociar. A gente também pensa na população e não quer fazer essa greve. A gente quer esse diálogo”, disse Weber.
Mais cedo, o prefeito anunciou que decidiu por não acatar o pedido do Stetpoa de retirar o projeto por seis meses para, nesse período, buscar soluções para a situação financeira da estatal. A proposta chegou ao prefeito ontem e ele se manifestou na manhã desta sexta-feira. “Não está na agenda do governo retirar o projeto”, declarou.
“Nós estamos convencidos que, ao desestatizar a Carris, o grande ganhador com isso será o sistema, a população, porque essa empresa hoje é uma empresa cujo quilômetro rodado dela custa 21% mais alto do que qualquer consórcio privado”, argumentou.
O prefeito observou que cabe à Câmara de Vereadores a votação do projeto. Melo ainda citou outras medidas que considera necessárias para modernizar o sistema de transporte da cidade, como a diminuição das isenções, a bilhetagem eletrônica e a retirada de impostos. “Então não é a Carris sozinha, é a Carris, a questão das isenções e a questão dos cobradores, é um conjunto de medidas a serem enfrentadas”, disse.
O presidente do Stetpoa, Sandro Abbáde, lamentou a postura de Melo. “Lastimável que o prefeito não queira dar um voto de confiança aos trabalhadores da Carris, eles só queriam negociar um prazo de seis meses, talvez quatro, para buscar uma solução não só pra eles, mas para a população”, criticou. “Espero que os vereadores consigam convencê-lo a mudar de postura”, acrescentou.