A Assembleia Legislativa divulgou, nesta segunda-feira, que mais de metade dos gaúchos acredita que os alunos devam voltar às salas de aula apenas quando toda a população estiver vacinada. O dado consta em uma pesquisa de opinião que mediu as consequências da pandemia no aprendizado de crianças e adolescentes, realizada pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO). Das 1,5 mil pessoas entrevistadas entre 19 e 24 de junho, 55,8% entendem que o retorno só é seguro com esquema vacinal completo a todos os gaúchos.
Entre as justificativas para esse posicionamento, as principais se referem à falta de condições estruturais nas escolas que ofereçam segurança sanitária à comunidade
escolar. Para 20,7%, é correto retomar as aulas presenciais após a vacinação de professores e funcionários, enquanto 23,5% defendem que sejam mantidas, sempre que possível.
O presidente do Legislativo, deputado Gabriel Souza (MDB), disse que os dados coletados poderão servir como base para a elaboração de propostas que contemplem o cenário atual. Ele destacou que é necessário criar projetos de lei que viabilizem programas de recuperação do conteúdo para mitigar a baixa aprendizagem gerada pelo ensino remoto. Além disso, defendeu a estipulação de protocolos sanitários, incluindo a aquisição de EPIs e outras iniciativas para que seja possível manter as aulas no formato presencial e a compra de ferramentas tecnológicas para garantir a qualidade das aulas em formato híbrido. Confira o resultado na íntegra.
Retomada híbrida
Dentre os pais ou responsáveis de crianças e adolescentes em idade escolar, cursando educação básica, 51% responderam que não há condições de retomada no tipo híbrido, com apenas uma parte dos alunos na escola, enquanto 49% disseram que há condições. Entre os que possuem filhos em escolas privadas, a sensação de segurança é maior: 70,6% avaliaram que há condições seguras para as aulas no modelo presencial, tipo híbrido. Já entre os que possuem filhos em escolas públicas, mais da metade acredita que não há condições (55,3%).
Entre os aspectos levantados pelos que não veem condições de retorno, foram citados: escolas sem estrutura adequada (38,9%), imaturidade dos alunos (24,4%), baixo percentual de pessoas vacinadas (15,3%) e preocupação com o risco de contaminação (20%).
Perguntados sobre autorizar os filho a retomarem as aulas presenciais no sistema híbrido, com parte dos alunos na sala de aula e outra em casa, 47,8% responderam favoravelmente, 47,4% descartaram e 4,7% que responderam “talvez”. Pais de filhos matriculados no ensino privado (67,1%), mais jovens e com curso superior são mais propensos à autorização.
Segundo o IPO, quase metade das famílias passou a participar mais da educação formal dos filhos (47,8%). Indiferente de ser escola pública ou privada, o comportamento é o mesmo. Pouco mais de ¼ das famílias passou a participar menos da educação formal dos filhos (28,5%), sendo que a menor participação (23,7%) está entre pais com menor renda e educação formal.
Dificuldades de aprendizagem
A sondagem também avaliou o grau de dificuldade na aprendizagem. Dos entrevistados, 67,7% identificaram dificuldade, 26,5% não identificaram e 5,8% responderam que há dificuldade eventual. O ato de acompanhar as aulas também demonstrou problemas, já que 70,8% responderam que há dificuldade, 25,5% que não há e 3,8%, alegaram dificuldade eventual.
A pesquisa identificou que ¼ dos pais que responderam relataram problemas com a internet e que esse quadro muda de acordo com o tipo de escola. Na rede privada, os responsáveis reclamaram da adaptação digital a sistemas e plataformas online e que há necessidade de suporte para imprevistos como queda no sinal e mal funcionamento da câmera. A maior dificuldade para pais de alunos da rede municipal é em custear o serviço de internet. Já os da rede estadual relataram que o gargalo é ter internet em casa e que, entre os que receberam o serviço, o sinal é de má qualidade ou há desconhecimento de como acessar.
Para pais de filhos em escola privada, o principal problema está na dificuldade de lidar com os fatores emocionais causados pela pandemia, em especial a falta de concentração (pela distração), e na conciliação do tempo entre o trabalho dos pais e as atividades escolares dos filhos. Já para os pais de filhos em escola pública, o maior desafio está no processo de ensino aprendizagem e na dificuldade de auxiliar os filhos, além dos relacionados a equipamentos e internet.
Ações para o governo melhorar o aprendizado
Os pais também foram perguntados sobre o período pós-pandemia. Para 40,9%, serão necessárias aulas de reforço, mesmo que seja preciso aumentar a carga horária escolar, 10,9% defendem a retomada presencial e 8,3% que haja qualificação dos professores e uma melhor remuneração para aumentar os níveis de aprendizado. Ainda há 6,7% que entendem ser fundamental investimentos na estrutura escolar, tanto em tecnologia como na educação em geral, e 6,2% que entendem ser preciso estimular a participação dos alunos, através do convívio com os outros colegas, a partir da retomada da “vida normal”.