Brasileiros precisam se deslocar por vários quilômetros para conseguir tomar a vacina contra a Covid-19. A informação foi divulgada em nota técnica pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) na última semana.
Segundo a nota, “a distância média percorrida para a vacinação é de 252 km, podendo se estender até 3 mil km em alguns casos.” O documento destaca que muitas pessoas precisam se deslocar para cidades vizinhas para conseguir tomar a vacina.
Os pesquisadores da Fiocruz alertam que o deslocamento da população é um reflexo da incapacidade dos municípios em executar um plano de vacinação. A nota aponta que 51% dos municípios brasileiros aplicaram menos doses que a média nacional. Desde maio, os pesquisadores observam que houve um crescimento “no percentual de procura por doses fora do município de residência, principalmente para a segunda dose.”
Uma das possíveis razões para esse deslocamento está na cobertura devido “desigual disponibilização de vacinas entre estados e municípios, pelo fornecimento inadequado de vacinas, pela distância da residência do público vacinação, pela dificuldade ou falta de acesso ao serviço de saúde, pelo medo das reações ou pelas logísticos e culturais.”
As unidades federativas (UF) que vacinaram pessoas com maior distância do local de residência foram: Distrito Federal (790 km), Amazonas (647 km), Roraima (506 km), Ceará (398 km) e Rio de Janeiro (362 km). “Esse deslocamento, portanto, não depende das dimensões territoriais do estado, mas sim da sua capacidade de executar as ações de vacinação e de facilidades de acesso.”
Na prática, o deslocamento acaba sobrecarregando o sistema de vacinação de municípios vizinhos como, por exemplo, o Rio de Janeiro, que aplicou 47 mil doses para moradores de Duque de Caxias. Essa diferença entre “doses efetivamente aplicadas e alcance de metas e causar falhas no programa de vacinação”.