A operação Aramado, que investiga crimes que vêm sendo considerados o maior golpe aplicado na pecuária do Rio Grande do Sul, cumpriu, nesta sexta-feira, 39 ordens judiciais referentes a crimes de estelionato. Ao todo, o Inquérito Policial instaurado na Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab/Bagé) já soma 62 ocorrências policiais dando conta de crimes de estelionato contra produtores rurais de vários municípios gaúchos.
Iniciada no mês de junho, a operação teve, na primeira fase, duas prisões preventivas cumpridas e sete pessoas com bens bloqueados pela justiça. A operação apurou uma série de movimentações suspeitas de animais bovinos, motivo pelo qual a Decrab representou pela apreensão de 12.852 cabeças de gado. Esse número de animais, no primeiro semestre de 2021, havia sido comercializado pelos investigados para apenas 22 propriedades rurais localizadas em quatro estados: Rio Grande do Sul, Tocantins, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Nas análises de movimentações de gado, ficou identificado o envolvimento de um servidor público da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. O esquema consistia em ludibriar o Sistema de Defesa Agropecuário do Estado (SDA) para incluir nascimentos de animais bovinos nos estoques do principal líder da organização, assim gerando saldos suficientes para permitir o que a polícia vem chamando de movimentação de “gado de papel”.
Somente em 2021 o servidor investigado realizou 44 operações do tipo, totalizando 2.744 bovinos declarados nascidos, com muitas das operações realizadas em um mesmo dia. Em 30 de abril, foram registrados 1.139 nascimentos de bovinos em 18 lançamentos em sequência, sendo que a propriedade, na data, possuía apenas 125.
As ordens judiciais foram cumpridas pela Decrab com apoio de delegacias do DPI e DPM, DP de Formigueiro, 4ª DP de Santa Maria, da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento.
Os bloqueios de estoque serão realizados mediante notificação para evitar a movimentação de animais, os quais serão apreendidos e permanecerão à disposição do Judiciário para garantir eventual ressarcimento das vítimas do golpe. Somente no que se refere aos animais apreendidos, o valor bloqueado é estimado em mais de R$ 30 milhões.