Governo demite diretor que teria dado aval para negociar vacinas contra a Covid-19

Veterinário Laurício Monteiro Cruz foi citado na CPI da Covid como intermediador de negociações com reverendo da ONG Senah

Ele assinou ofício e solicitou que postos dos municípios, estados e do DF disponibilizassem a vacina a veterinários | Foto: Conselho Federal de Medicina Veterinária/Divulgação/CP

O governo demitiu o veterinário Laurício Monteiro Cruz do cargo de diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, da secretaria de Vigilância, do Ministério da Saúde. A exoneração, publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, é assinada pelo ministro da casa-civil, Luiz Eduardo Ramos. Cruz é apontado como a pessoa responsável por dar o aval para que o reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador da ONG Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), negociasse doses de vacinas da Astrazeneca.

O caso teve origem na CPI da Covid. O nome de Cruz foi citado no depoimento do representante comercial da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Ele seria um dos nomes ligados ao Ministério da Saúde que receberam oficialmente a proposta da companhia para a compra de doses de vacinas contra a Covid-19.

De acordo com Dominguetti, a proposta foi feita em um restaurante de Brasília. Na ocasião, Roberto Ferreira Dias, então funcionário do Ministério da Saúde, exigiu a inclusão de um dólar no valor de cada dose de vacina comprada de um lote com 400 milhões de doses da AstraZeneca. O adicional seria uma propina.

Cruz é graduado em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste, em Goiás, e mestre pela Universidade de Brasília. Ele foi indicado ao cargo pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Durante os 11 meses que permaneceu no Ministério da Saúde, Cruz foi responsável pelo ofício que incluiu a categoria de médicos veterinários, técnicos e auxiliares como grupo de acesso prioritário à imunização contra a covid-19. O texto foi publicado em janeiro, momento em que a imunização dava os primeiros passos no Brasil.