Com 46 assinaturas e 271 páginas, a Câmara recebeu nesta quarta-feira um superpedido de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro. O documento é assinado por deputados da oposição e da centro-direta, como Joice Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP).
O texto, elaborado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), teve como signatários, além dos parlamentares, entidades representativas da sociedade e personalidades. O pedido aponta uma série de crimes supostamente cometidos por Bolsonaro desde que assumiu a presidência.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a representação reúne os autores de mais de 100 pedidos já protocolados desde o início do mandato, com 23 tipos de acusações de crimes penais atribuídos ao presidente. A frente reúne PSol, PT, PDT, PV, Rede Sustentabilidade, Cidadania, Central de Movimentos Populares (CMP), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Movimentos dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), entre outras agremiações.
“As últimas denúncias de corrupção na compra de vacina trazem mais força ainda ao pedido”, afirmou o líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). “O que está sendo feito aqui é algo histórico”, disse o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP). “Bolsonaro é um irresponsável, tirando máscara de bebezinho”, afirmou a deputada Joice Hasselmann. Ela disse ter se arrependido de ser líder do governo Bolsonaro, a quem chamou de “ogro”.
O pedido menciona que Bolsonaro cometeu suposto crime contra o livre exercício dos poderes, ao participar de um ato com ameaças ao Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF); usar autoridades subordinadas a ele para praticar abuso de poder no espisódio de troca do comando militar e interferir na Polícia Federal; incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina; provocar animosidade nas classes armadas, ao incentivar motim dos policiais militares em Salvador; e as omissões e erros no combate à pandemia, alegadamente crimes contra a segurança interna.
A escolha de dar ou não seguimento aos pedidos de impeachment é do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo. A maioria dos pedidos, no entanto, chegou à Casa ainda na gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ).