CPI critica pronunciamento de Bolsonaro e país registra panelaços

Nota pública citou discurso negacionista adotado pelo governo federal desde março de 2020

Foto: Marcelo Camargo/ABr

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado criticou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre vacinas, na noite desta quarta-feira. Em nota pública assinada, entre outros, pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM) e pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), os membros classificaram a manifestação como “atraso fatal e doloroso”.

Na noite desta quarta-feira, Bolsonaro se pronunciou em rede nacional, prometendo vacinas para todos os brasileiros até o fim do ano. A nota em nome da CPI sustenta que o atraso de 432 dias é indefensável após a morte de quase 470 mil brasileiros, e que esse tom, apresentado hoje pelo presidente, era esperado em março de 2020, quando a Covid-19 chegou ao país.

O texto prossegue afirmando que houve opção deliberada do governo para desqualificar vacinas e sabotar a ciência, e que a mudança de postura resulta do trabalho da comissão e da pressão da sociedade contra o negacionismo e obscurantismo. E encerra manifestando pesar pelas mortes no país: “A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas”.

País teve panelaços durante pronunciamento

Várias capitais brasileiras registraram panelaços a partir de 20h30 desta quarta-feira, durante o pronunciamento de Bolsonaro em cadeia nacional. Mais cedo, o termo “panelaço” chegou aos trending topics do Twitter.

O presidente já havia sido alvo desses protestos em março, quando também falou em pronunciamento sobre a pandemia e a vacinação contra a Covid-19. Em meio ao prolongamento da segunda onda e o valor considerado baixo do novo auxílio emergencial, o presidente sofreu abalo nos índices de popularidade. Além disso, Bolsonaro sofre pressão por conta de declarações de depoentes à CPI da Covid.

No pronunciamento desta quarta, o presidente voltou a defender ações do governo federal para acelerar a vacinação e conter a crise econômica causada pela pandemia. Ele citou a marca de 100 milhões de doses de vacina entregues pelo governo aos estados, a sanção de nova rodada do Pronampe, que vai se tornar permanente, e os esforços da gestão para a privatização de estatais.

Ele também voltou a defender a realização da Copa América no Brasil, justificando que a competição vai seguir protocolos de outros torneios em curso.

Durante o pronunciamento, que durou cerca de sete minutos, os atos foram registrados em ao menos nove capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belém, Belo Horizonte, Ceará, Porto Alegre, Curitiba e Brasília.

Em São Paulo, manifestantes bateram panela em bairros como Santa Cecília, Vila Mariana, Sumarezinho, Vila Madalena, Alto de Pinheiros, Pompeia e Barra Funda. No Rio, moradores da Barra da Tijuca, Lapa, Gávea, Copacabana e Jardim Botânico também protestaram.

Em Fortaleza, os panelaços também foram registrados, com manifestantes gritando palavras de ordem e pedindo pelo impeachment de Bolsonaro. Em Porto Alegre, os protestos foram gravados no Centro Histórico e no bairro Santana.

No último sábado, manifestantes de diversas cidades do Brasil foram às ruas para pedir a prorrogação do auxílio emergencial e a aceleração na vacinação contra a Covid-19. Os atos foram registrados em pelo menos 17 capitais e outras cerca de 180 cidades.