Covid-19: Butantan vai receber lote de insumos menor que o esperado

Remessa que chega na semana que vem deve ter mil litros a menos que o anunciado

Foto: Alina Souza/CP Memória

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, confirmou hoje que o volume de insumos para a vacina CoronaVac que chega ao Brasil na semana que vem vai ser menor que o inicialmente previsto. A quantidade confirmada pelo governo chinês é de apenas 3 mil litros de insumo farmacêutico ativo (IFA), mil a menos do que havia sido anunciado pelo Instituto Butantan na última segunda-feira.

Os 3 mil litros de insumos para a vacina devem chegar ao Brasil entre os dias 25 e 26 de maio e são suficientes para fabricar cerca de 5 milhões de doses de vacina.

A CoronaVac é desenvolvida pelo Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac, que envia os insumos para que a vacina seja produzida no Brasil. Segundo o Butantan, a Sinovac já reservou 10 mil litros de insumos para enviar ao Brasil, mas aguarda a autorização de embarque do governo chinês.

Com o atraso na chegada dos insumos, Dimas Covas prevê que o mesmo ocorra na entrega das doses da vacina ao Ministério da Saúde. “O Butantan tinha uma previsão de entrega de 12 milhões de doses [da vacina CoronaVac] em maio e 6 milhões em junho [para o Ministério da Saúde]. Para totalizar esse volume, precisaríamos de 10 mil litros [de insumos], no começo de maio”, disse Covas.

Ele informou que, nesta madrugada, houve nova reunião com a Sinovac. Segundo ele, o Instituto Butantan espera que novas remessas de insumos sejam autorizadas pelo governo chinês em breve.

Carência mundial
A produção de vacinas contra a Covid-19 no Butantan está paralisada, desde a última sexta-feira, por falta do ingrediente farmacêutico básico. Segundo o instituto, a falta de matéria-prima ocorreu por problemas burocráticos provocados por declarações de membros do governo brasileiro sobre a China.

No último domingo, ao participar da abertura de uma campanha de testagem da população para o novo coronavírus, em Botucatu (SP), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, comentou a interrupção na produção de vacinas contra a Covid-19 pelo Instituto Butantan por falta do IFA. Queiroga ressaltou que a carência da matéria-prima é mundial. “É importante passar uma mensagem positiva para a sociedade brasileira, e não essa cantilena de que está faltando [IFA]. O Brasil precisa de tranquilidade para superarmos juntos essa dificuldade sanitária”, disse.

Perguntado se os problemas com o IFA podem ser reflexo de questões diplomáticas com a China, Queiroga disse que o país asiático é um grande parceiro para o Brasil e que não vê nenhuma fissura nas relações entre o governo brasileiro e o chinês.

“O presidente[ Jair Bolsonaro] tem uma excelente relação não só com a China, mas com todas as nações com que o Brasil estabelece relações internacionais. A China integra um bloco econômico importante que é o Brics, o Brasil faz parte, a Rússia faz parte, e as relações são absolutamente normais”, ressaltou Queiroga.