Especialistas defendem aceleração da vacinação para conter a terceira onda da Covid-19

Futuro da Pandemia foi tema de debate da live promovida pela Amatra IV

Sábado foi dia de procura por vacina em Porto Alegre. Foto: Mauro Schaefer/Correio do Povo

“Existe um equívoco recorrente no enfrentamento da pandemia. A terceira onda da Covid-19 poderia ser uma onda muita enfraquecida, se tivéssemos no Brasil a vacinação nos mesmos patamares de outros países. Para conter o avanço da doença é necessário acelerar a campanha de imunização e restringir a circulação do vírus”, afirmou o ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), epidemiologista Pedro Hallal, em live sobre “O Futuro da Pandemia”, promovida pela Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4a Região (Amatra IV).

De acordo com epidemiologista, as medidas para restringir a circulação do coronavírus e apressar a vacinação não estão sendo adotadas no país. “Infelizmente, por uma série de equívocos, não é possível fazer uma previsão otimista para o futuro da pandemia. Imaginei que iríamos começar agora a assistir o recrudescimento da pandemia, mas a realidade é mais dura. O Brasil não aprendeu com o ano passado, quando deixou estabilizar a doença, reabriu tudo e o vírus começou a aparecer novamente. Agora estamos repetindo. O que me surpreende é o quão rápido isso está acontecendo”, destacou Hallal.

Ao falar sobre o trabalho do Epicovid – estudo epidemiológico sobre o coronavírus no Brasil – no qual é coordenador, o especialista afirmou que a pesquisa de monitoramento da doença aponta que 18% da população gaúcha teve a Covid-19 em um ano de pandemia. “Se pensarmos que 25% das pessoas já tomaram uma dose da vacina e que vários são os mesmos, no máximo 35% da população está com anticorpos. A pessoa que minimamente vê essa falta de imunidade coletiva com a seriedade necessária vai dizer que 70% dos gaúchos estão suscetíveis a pegar o vírus”, explicou Hallal.

Alteração de curso

“Sabemos que existem fatores que afetam a evolução da pandemia, que ainda não temos o controle e são modificáveis. Um dos motivos que causam o avanço da Covid-19 são as ações para evitar que as pessoas infectem umas as outras. Se adotarmos algumas ações comprovadamente eficazes contra a propagação do vírus, como a vacinação em uma escala mais rápida, poderemos alterar o curso da pandemia”, afirmou o chefe do serviço de infectologia do Hospital Moinhos de Vento, médico Alexandre Zavascki.

Segundo ele, o vírus do novo coronavírus não é classicamente suscetível a mutações. “Tivemos infecções em escala tão ampla que acabaram aparecendo. Mutações que nos favorecem e afetam também o curso da pandemia. As medidas que temos hoje disponíveis para fazer podem controlar esse fator biológico e impedir que o vírus sofra mutações que compliquem mais ainda a nossa situação”, explicou o infectologista.

Para o especialista, o Brasil não deu muitos sinais, enquanto país, sobre a compreensão da pandemia e como ela é. “É importante frear a propagação da Covid-19, mas quando não se entende o problema é mais difícil achar soluções. Vemos muita confusão e a falta de ideias claras sobre a doença. Acredito que vamos continuar enfrentando dificuldades e tentando levar a vida convivendo com o vírus”, finalizou Zavascki.