Depois da maior alta da série histórica em um mês, revisada de 5,22% para 5,16%, os preços dos produtos da indústria desaceleram em março para 4,78%, conforme dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se, portanto, da segunda maior aceleração do índice na pesquisa, iniciada em janeiro de 2014.
O IPP (Índice de Preços ao Produtor) mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis, semiduráveis e não duráveis).
O resultado foi guiado, principalmente, pelo aumento dos preços nas atividades de refino de petróleo e produtos de álcool (16,77%), outros produtos químicos (8,79%), madeira (7,73%) e papel e celulose (7,18%). Já as maiores influências vieram de refino de petróleo e produtos de álcool (1,53 p.p.), outros produtos químicos (0,74 p.p.), alimentos (0,58 p.p.) e metalurgia (0,41 p.p.).
Esse é o vigésimo aumento consecutivo, na comparação mês a mês do indicador, desde agosto de 2019. Com o resultado, o índice acumula recordes de 14,09%, no trimestre, e de 33,52%, nos últimos 12 meses.
De acordo com o gerente da pesquisa, Alexandre Brandão, o resultado de março reflete o impacto da desvalorização do real frente ao dólar. Isso afeta tanto os preços dos produtos exportados pelo Brasil quanto os importados, em particular das matérias primas. No caso do aumento de custo, isso gera um efeito em cascata em diversas cadeias industriais.
“Muitas matérias primas estão com os preços majorados e essas altas se espalham por diversas cadeias. Se aumenta o preço do óleo bruto de petróleo, aumentam os preços dos derivados; se a nafta sofre aumento, alguns produtos químicos que a utilizam como matéria prima também têm seus preços elevados e isso acaba impactando o setor de plásticos, que processa alguns desses produtos químicos”, avalia Brandão.