O novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Rios Neto, disse em entrevista publicada nesta terça-feira, no site da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que a realização do Censo Demográfico em 2022 depende “das circunstâncias sanitárias e orçamentárias”, mas ressaltou que vai lutar pela recomposição de recursos para o levantamento. A nomeação de Rios Neto, publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União, ocorreu quase duas semanas após o órgão ter anunciado a indicação dele, pelo Ministério da Economia, para assumir a presidência.
Professor titular aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde trabalhou por mais de 30 anos, o novo presidente era diretor de Pesquisas do IBGE desde 2019. Rios Neto é formado em Economia, com doutorado em Demografia, além de ser integrante da Academia Brasileira de Ciências, informou o IBGE à época do anúncio.
Ele sucede Susana Cordeiro Guerra, que pediu exoneração do cargo há um mês. Em 26 de março, dia seguinte à aprovação pelo Congresso da redução no orçamento do Censo Demográfico de 2021, Susana informou que pretendia entregar a presidência, permanecendo por apenas mais duas semanas à frente do instituto. Ela cumpriu o último dia de expediente em 9 de abril, sendo substituída interinamente desde então pela diretora executiva do órgão, Marise Ferreira, servidora de carreira do órgão há 37 anos.
Na entrevista, o novo presidente também menciona como desafios a modernização de atividades do IBGE, uso de registros administrativos, adoção de novas tecnologias para analisar grandes bases de dados e aplicações de inteligência artificial. O professor aposentado da UFMG assume o instituto em meio à crise gerada pelo corte no Orçamento que inviabilizou a realização do Censo Demográfico este ano.
Crise orçamentária
Na sexta-feira passada o Ministério da Economia confirmou que o Orçamento de 2021 não prevê recursos para a realização do levantamento censitário. Dos R$ 2 bilhões previstos, apenas R$ 71 milhões foram aprovados pelo Congresso Nacional no mês passado. No entanto, o Orçamento sancionado e publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira, trouxe um veto do presidente Jair Bolsonaro que reduziu esse valor para apenas R$ 53 milhões, o que inviabiliza até os preparativos para o levantamento ir a campo em 2022, afirmou o sindicato nacional dos servidores do IBGE, o Assibge.
Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico já havia sido adiado em 2020 em função da pandemia do novo coronavírus. O IBGE com isso, cancelou pelo segundo ano consecutivo o concurso público aberto a fim de preencher as mais de 200 mil vagas temporárias de recenseados e agentes censitários para o levantamento.
As informações recolhidas pelo Censo servem de base, por exemplo, para o rateio do Fundo de Participação de Estados e municípios, sendo essenciais também para políticas de saúde, como a necessidade de alocação de profissionais e equipamentos para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Também é usado para o planejamento de políticas educacionais e como base para pesquisas amostrais, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do próprio IBGE, que levanta informações sobre o mercado de trabalho, como a taxa de desemprego.
*Com informações do jornal O Estado de S.Paulo