Depois que dois medicamentos experimentais contra a Covid-19, desenvolvidos pela farmacêutica suíça Roche em parceria com a americana Regeneron, obtiveram, nesta semana, autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial no Brasil, hospitais de Porto Alegre já começam a avaliar este novo recurso no enfrentamento à doença.
Mas é importante frisar que, apesar de indicado para os primeiros cinco dias de infecção, quando o quadro de sintomas ainda é leve, o coquetel de medicamentos é administrado via intravenosa e por isso, necessita que o procedimento seja realizado em uma clínica ou hospital sob prescrição médica.
Os remédios, contendo casirivimabe e imdevimabe (REGN-COV-2), em combinação, atuam em ligação com a coroa do vírus que causa a Covid-19 de forma a impedir sua entrada nas células ainda não infectadas para replicar o material genético, controlando a doença. Conforme os testes, a medicação se mostrou 70,4% eficaz ao evitar que pacientes sejam hospitalizados ou morram. Mas por enquanto a opção pelo novo tratamento contra a Covid-19 estará restrita aos ambulatórios de hospitais e clínicas privadas.
Para o Sistema Único de Saúde (SUS) e planos de saúde, a inclusão ainda está sendo avaliada, já que o custo é altíssimo e pode variar entre 15 e 25 mil reais.
Em Porto Alegre, a Santa Casa de Misericórdia já informou que está avaliando para uma possível padronização do seu uso na instituição. O Hospital Mãe de Deus Todos também informou que todos os tratamentos aprovamos pela Anvisa são considerados, inclusive o REGN-COV2, que também está sendo estudado e será discutido junto às equipes assistenciais.
No Hospital Moinhos de Vento, de acordo com o infectologista Diego Rodrigues Falci, a instituição não descarta passar a utilizar a solução da Roche. “Ainda estamos analisando se vamos fazer administração desta medicação. Há um comitê, uma série de instâncias verificando esta possibilidade”, adianta.
Conforme o médico, há diversas questões neste tratamento que precisam ser pesadas. “Ele deve ser dado logo no início da doença, nos primeiros 5 dias, reduzindo a chance do paciente evoluir para uma hospitalização. Mas por outro lado, é um medicamento que é administrado de forma intravenosa, e precisa de uma clínica, de uma estrutura para esta infusão”, pondera. O ideal, segundo Falci, é que o medicamento pudesse ser administrado via oral. “Se não precisasse ser ministrado por meio intravenoso, facilitaria. A dificuldade é ficar hospitalizado por algumas horas para usar este medicamento”, acrescenta.
Mas àquelas pessoas que ainda não estão imunizadas e possuem riscos, o médico acredita que seja uma boa saída. “Pessoas que tem um risco aumentado, de progressão da doença, como pessoas mais idosas ou com comorbidades, evitará que estes pacientes sejam hospitalizados”, sinaliza.
O pedido para o uso dos medicamentos foi feito pela Roche em 1º de abril e ele já foi aprovado para uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, após apresentar bons resultados em pacientes com sintomas leves e moderados da Covid-19.
No Brasil, o coquetel foi liberado por 12 meses pela Anvisa para ser administrado em pacientes a partir de 12 anos, pesando mais de 40 quilos, que não necessitem de suplementação de oxigênio e não apresentem o quadro grave da doença. A aplicação deve ser realizada logo após a confirmação, por meio de teste viral.