A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 pode ser instalada já na semana que vem. O último obstáculo, a leitura da lista dos membros do colegiado, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está superado. Pacheco leu no início da sessão de hoje a relação de indicados pelos partidos e, com isso, cabe ao senador Otto Alencar (PSD-BA) marcar a data da reunião de instalação da comissão.
De acordo com o regimento da Casa, Alencar deve presidir a primeira reunião por ser o membro mais idoso da comissão. “O senador Otto Alencar afirmou que está pronto. Temos um feriado no meio da semana que vem, acho razoável fazer na próxima quinta-feira a instalação da comissão”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em coletiva de imprensa na tarde de hoje.
Para segunda e terça, foram marcadas sessões do Congresso Nacional, e na quarta, feriado, o Senado não vai ter atividades. Assim, resta a quinta-feira para a reunião de instalação do colegiado.
Na primeira reunião serão escolhidos o presidente, vice-presidente e relator da CPI. Há uma tradição no Senado para que a presidência fique com o primeiro subscritor do requerimento de instalação da CPI, no caso, o senador Randolfe Rodrigues. Ele, no entanto, indicou que não vai forçar uma disputa pelo posto.
“Se o colegiado compreender que é de bom tom que a gente presida, não tem problema. Cumprirei a função. Estou disposto a qualquer serviço, como presidente, relator ou apenas como membro. Eu só acho que essa CPI é a mais importante do Congresso, porque nenhuma outra CPI foi responsável por apurar a perda de vidas humanas”, disse.
Randolfe disse que a CPI não pretende investigar o presidente da República. “Comissão parlamentar de inquérito não investiga pessoas, investiga fatos. Não segue rito do processo penal, não tem ampla defesa e contraditório. Tanto que ao final da comissão ninguém vai ser condenado. O presidente pode ficar tranquilo, não é uma CPI para tê-lo como alvo. O alvo é o fato”, disse o líder da oposição na Casa.
Primeiramente, o colegiado deve aprovar um plano de trabalho, proposto pelo relator. Ele deve tratar das ações da comissão para cumprir o objetivo. Entre elas, podem estar a requisição de informações oficiais, a solicitação de auditorias e perícias, a intimação e oitiva de testemunhas, a convocação de ministros de Estado e a realização de diligências, por exemplo.
A tendência, de acordo com o senador, é que a comissão comece ouvindo especialistas, como infectologistas e epidemiologistas, para que se entenda “por que chegamos até aqui e se nós poderíamos ter evitado tudo isso”. “Temos que buscar a fonte da ciência. Estamos nesse atoleiro sanitário porque não foi ouvida a ciência”, disse Randolfe. No entanto, ele acredita que, após essa etapa, seja “inevitável” ouvir os três últimos ex-ministros da Saúde: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.