O Instituto Butantan emitiu nota após notificações de que frascos de vacina CoronaVac foram enviados ao Rio Grande do Sul com quantidades menores do que o descrito na embalagem. A instituição alegou que todas as notificações recebidas relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, a prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. A conclusão encontrada, e já dividida com a Vigilância Sanitária, é que não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes por parte do Instituto Butantan.
O laboratório explicou ainda que cada frasco da vacina contra o novo coronavírus contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola. Esse volume, devidamente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é suficiente para a extração das dez doses.
No último final de semana, o Conselho das Secretarias Municipais da Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS) alertou sobre frascos de vacina da CoronaVac com doses faltantes emitiu alerta para os profissionais da saúde que estão aplicando as vacinas contra a covid-19. De acordo com a entidade, mais de 100 cidades gaúchas já informaram o Ministério da Saúde que receberam frascos de imunizantes contendo doses a menos do que indicado. Ainda conforme o conselho, alguns frascos vieram contendo imunizante para aplicar oito e até mesmo sete doses. Considerando que os frascos, na grande maioria, vieram com oito doses o Cosems-RS estima que o Rio Grande do Sul tenha recebido cerca de 20 mil doses a menos.
Ainda na nota enviada pelo Butantan à Rádio Guaíba, o Instituto ressalta que os profissionais de saúde precisam estar capacitados para aspiração correta de cada frasco-ampola, além de usar seringas e agulhas adequadas, para não haver desperdício. “É essencial que tais profissionais sigam as orientações e práticas adequadas, no intuito de evitar perdas durante a aspiração da vacina. Seringas de volumes superiores (ex: 3ml, 5ml), podem gerar dificuldades técnicas para visualizar o volume aspirado, uma vez que podem não possuir as graduações necessárias. Outro fator decisivo é a posição correta do frasco e da seringa no momento da aspiração”, pontua.
Por fim, o Instituto Butantan disse que vem atuando juntamente aos gestores envolvidos na campanha de vacinação no intuito de orientar cada vez mais os profissionais responsáveis pelas aplicações das doses. O laboratório afirmou ainda que irá revisar a bula da vacina Coronavac, com objetivo de promover de forma ainda mais clara as informações relacionadas à forma correta de se realizar a aspiração das doses, adicionando inclusive um QR Code que irá direcionar para um vídeo demonstrativo do procedimento.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) havia informado que o problema era na calibragem durante o processo de envase dos imunizantes. Em nota, a SES orientou os municípios a notificar o Ministério da Saúde sobre qualquer eventualidade, inclusive na hora da aspiração do conteúdo do frasco.