Pois o Nenito Sarturi me conta do seu Tio, o Coraldino, um homem muito trabalhador que criou sua família fazendo fretes ou “chibeando” com o seu caminhão velho, um Ford F-600, que era o seu xodó.
Uma das cargas que o Tio Coraldino mais transportava era lenha em metro, trazida do interior do município, para abastecer as lenheiras da cidade e as casas de muitos santiaguenses.
O Velho Ford F-600 vivia sujo. O Tio Coraldino também vivia sujo e empoeirado, pois ele próprio carregava e descarregava a lenha. E os documentos do veículo estavam sempre cheios de fuligem e poeira.
Frequentemente, ele era abordado pela Policia Rodoviária Federal, pois sempre andava com alguma coisa errada no velho caminhão: sinaleira quebrada, pneu careca, para-brisa trincado etc, etc…
Mas o Tio Coraldino sempre dava um desdobre e convencia os Patrulheiros a liberarem passagem, até porque todos sabiam que o vivente era um homem honesto e trabalhador. O fato é que os documentos do “cristão” eram seguidamente manuseados pelo mesmo, quando solicitados. E os Patrulheiros também sabiam do jeitão rude do “Véio”.
Certa ocasião, um Patrulheiro que não conhecia o Coraldino abordou o veículo. O Tio, já contrariado com aquela “encheção de saco”, deu de mão nos documentos e entregou ao Patrulheiro:
-Tá tudo aí…Pode conferir que tá tudo certo!
O Patrulheiro pegou aqueles documentos meio rasgados e cheios de fuligem e poeira, comentando:
-_Bah, seu Coraldino… Esta sua papelada está imunda !
O Coraldino não perdeu a vaza e sentenciou:
– Mas também… Essa minha papelama passa só na mão de vocês!
( O Patrulheiro deu uma risada e engoliu em seco.Afinal prender aquele “bagual” não resolvia nada mesmo).