Num reflexo do que também aconteceu no Rio Grande do Sul e no Brasil, março de 2021 foi o mês que registrou mais mortes por Covid-19 em Porto Alegre. Com 1.079 vidas perdidas, o mês teve quase um terço dos 3.558 óbitos decorrentes do coronavírus na Capital até agora. As 1.685 vítimas do primeiro trimestre deste ano correspondem a 47,36% do total, quase a metade, em relação às mortes ocorridas nos meses da pandemia em 2020, iniciada em março anterior, que equivalem a 52,64%.
Foram 1.873 mortes pela doença em Porto Alegre em 2020, desde os primeiros três idosos que faleceram em março do ano passado. Os números cresceram exponencialmente até o recorde de 349 óbitos em agosto. Com as primeiras medidas de restrições das atividades, a mortalidade baixou em setembro e outubro, quando a realidade na Capita era de bandeira laranja. Novembro e dezembro apresentaram nova subida de mortes, voltando a ultrapassar a casa dos 300, dados que mantiveram a média em janeiro (298) e fevereiro (308) de 2021.
Especialistas referiram a nova alta de demandas nos hospitais e, em consequência, novas mortes, às aglomerações de Natal e final de ano. Já o recorde de óbitos em março deste ano é considerado um resultado da falta de distanciamento durante as festas de Carnaval.
O infectologista do Hospital Moinhos de Vento, Alexandre Zavascki, lamentou em redes sociais as mortes por Covid-19 na Capital gaúcha. “Porto Alegre é a capital do estado que divide a liderança com Rondônia no ranking de óbitos por Covid-19 em relação ao tamanho da população”, escreveu. Para ele, há uma série de ações que pode ser tomada para amenizar o cenário: “Por exemplo, educar as pessoas sobre as proteções, fornecer máscaras PFF2 para trabalhadores em ambientes fechados, melhorar o transporte evitando aglomerações, ampliar o programa de vacinação, conseguir recursos para ampliar testagem”, sugeriu.
O apoio a empresários e pequenos comerciantes também é citado por Zavascki: “Para que consigam fechar por 14 dias, que seja, sem falir. Soluções que competem a gestores públicos e representantes eleitos verdadeiramente interessados e minimamente conectados com a realidade”, criticou.
Sparta aponta P.1 como fator de piora
Secretário municipal de Saúde desde janeiro, o médico Mauro Sparta considera que os efeitos da doença começaram a piorar com o surgimento da variante P.1 da Covid-19, em fevereiro. “Não havia um recrudescimento da doença até chegar essa nova cepa que veio de Manaus. Aliada às festas de Carnaval, acabamos tendo o pico da doença, não só no RS, mas no país inteiro. Fizemos um esforço, abrindo 239 novos leitos de UTI e 635 leitos clínicos”, explicou. Sparta reiterou que Porto Alegre é a capital que mais vacina, processo que engloba frentes das mais variadas: “Exército, entidades e instituições que cederam espaço e, principalmente, aos profissionais que vêm ajudado nas imunizações”, cita.
Sparta enfatiza que a cidade vai seguir vacinando, mesmo em dias de feriado, enquanto houver doses. E apesar da diminuição na chegada de pacientes com problemas respiratórios nas unidades de pronto atendimento e postos de saúde, nas duas últimas semanas, o secretário salienta a necessidade de se manter os protocolos sanitários para combater a propagação do vírus. “Na quarta-feira, eram quatro pessoas nas UPAs. Até o meio-dia de hoje, não tinha nenhuma. A expectativa é de que a doença em si vai ceder. Acho que o pior já passou. Mas não queremos que as pessoas se despreocupem, pois o momento ainda é grave”, pontuou.