Movimentação tranquila e pequena marca o primeiro dia do retorno do comércio aberto na capital

Atendimento via aplicativos e e-commerce ainda é a preferência dos clientes que evitam o deslocamento até as lojas. O comércio popular respeitou as regras, mas a população não

Foto: Ana Carolina Aguiar / Rádio Guaíba

Na tarde desta segunda-feira, data do retorno do modelo de cogestão no Rio Grande do Sul e da reabertura do comércio em muitas regiões do estado, a equipe da Rádio Guaíba circulou pela capital gaúcha para acompanhar como foi o comportamento de clientes e empresários. “A sensação de estar com as portas abertas e recebendo nossos clientes é de alegria. Nós estamos tomando todos os cuidados e esperando para que a situação da Covid-19 melhore para que não seja necessário fechar tudo novamente. O comerciante precisa estar com as portas abertas para receber o cliente”, relata Rossana Lunardi, proprietária de uma loja de roupas infantis.

A empresária relata que, apesar de estar com as portas abertas, muitos clientes ainda preferem recorrer a compra através do WhatsApp da loja ou ainda pelo de agendamento do encontro presencial para evitar aglomerações. “A gente teve uma queda bastante significativa no faturamento, mas nós fizemos o máximo para nos adaptarmos usando a tecnologia”, destacou.

Já o movimento em parques e nos shoppings de Porto Alegre foi quase inexistente nesta segunda-feira. Nas lojas dos centros comerciais, os funcionários trabalhavam mais na orientação dos consumidores através das redes sociais ou ainda via telefone convencional. “Nós viemos de um momento de incerteza, onde nem os lojistas sabiam ao certo se iríamos abrir ou não hoje”, afirmou Ernane Becker. O gerente de uma loja de calçados em um shopping center da capital garante que “como já fizemos em outras vezes, em meio ao abre e fecha desta pandemia, as coisas irão se ajeitar um dia após o outro, com calma”. Toda a sua equipe está esperançosa com o retorno gradual do movimento presencial no decorrer ainda desta semana.

Apesar dos estabelecimentos comerciais do centro da cidade de Porto Alegre estarem respeitando as novas regras da bandeira vermelha, grande parte da população que circulava pelas ruas não estava. Muitas dessas pessoas estavam sem máscara de proteção facial e não cumpriam com o distanciamento social. Nas principais ruas de comércio popular da cidade, como a a Doutor Flores e a Borges de Medeiros, comerciantes insistiam constantemente para que os clientes colocassem máscara na face ou ainda cobrissem o nariz com ela dentro dos estabelecimentos.

Problemas do início da produção industrial até o fornecimento nas lojas

Fernanda Martins, proprietária de uma loja de roupas do segmento masculino, lamentou que os problemas não se resumem apenas ao convencimento no momento da compra, que hoje é digital, mas de renovar o estoque. “Está super difícil porque a indefinição chega aos fabricantes. Eles não sabem direito o que podem ou não podem fazer”, pontou.

Por ser uma loja de bairro, onde a maioria da clientela possui uma relação próxima com sua equipe, Fernanda garante que a frustração de não conseguir entregar um produto que foi comprado através de catálogo, na data solicitada pelo cliente, gera prejuízo aos  negócios. “Nessa época, da troca de estação, já estaríamos com os novos produtos em estoque. Hoje, em meio a pandemia, muitos ainda nem foram produzidos. É impossível se organizar”, desabafou.

2021 está sendo pior que 2020

Para muitos lojistas, após um ano de pandemia, 2021 está sendo ainda pior que 2020. As expectativas do retorno das atividades econômicas no primeiro trimestre já não irão se confirmar após as medidas restritivas das últimas semanas. Fabiane Rittes, proprietária de uma loja de roupas femininas, confessa que ainda não encerrou as atividades da sua loja porque já havia desenvolvido um sistema de vendas online preparado para atender uma alta demanda há 3 anos e suas clientes já estavam acostumadas com a plataforma de e-commerce.

Recursos como eventos online ou promoções através dessas ferramentas foram o que garantiram “algum faturamento” à empresa. “O impacto está sendo pior do que em 2020. Minha loja aqui no Pátio 24 está servindo mais como um centro de distribuição do que uma loja mesmo”, relata.

Desemprego e pandemia

Circulando pelos bairros Moinhos de Vento e Azenha, muitas lojas decidiram permanecer com as portas fechadas após as últimas mudanças em relação a reabertura do comércio. Nesse meio tempo, quem mais saiu prejudicado foram as pessoas que conquistaram há um mês uma vaga temporária. Rossana Lunardi, por exemplo, havia contratado uma nova funcionária em meio ao aquecimento econômico gerado no início deste ano.

“Infelizmente, quando fechamos tudo há três semanas tivemos que dispensar a nossa funcionária. A ideia também não é contratar mais ninguém porque aqui no Sul, durante o inverno. Nós não sabemos ainda como será a situação da pandemia. Eu não quero me comprometer com alguém e depois não ter como cumprir essa promessa. Eu fico devastada porque não tinha outra alternativa. Dar um esperança para alguém e depois, se voltar a fechar, não conseguir arcar com essa contratação seria horrível para todos”, lamentou a dona do estabelecimento.