O futuro ministro da saúde, o médico cardiologista Marcelo Queiroga, disse que terá duas estratégias para conter a pandemia de covid-19: o distanciamento social e a melhora no atendimento hospitalar dos pacientes. Em entrevista na Fiocruz, Queiroga evitou citar termos como restrição de circulação e o “lockdown” – medidas apontadas por cientistas como a solução para aumento exponencial no número de casos e mortes, mas que não contam com o aval do presidente Jair Bolsonaro.
“Esses óbitos nós conseguiremos reduzir com dois pontos principais”, afirmou Queiroga. “Com políticas de distanciamento social que permitam diminuir a circulação do vírus, e com a melhora na capacidade assistencial de nossos serviços hospitalares.”
A médio prazo, a aposta do novo ministro é a vacinação em massa. “O Brasil tem grande capacidade de vacinar”, lembrou. “Vamos criar as condições operacionais para que a vacina chegue à população brasileira e contenha o caráter pandêmico da doença.”
O cardiologista voltou a repetir, no entanto, que a diretriz política do ministério da Saúde é dada pela Presidência da República. “A política pública do governo, não só do Ministério da Saúde, é a política do governo federal, do presidente da República eleito pelos brasileiros.”
Ele ainda afirmou que recebeu autonomia do presidente para agir. “A política pública colocada pelo governo é política do governo federal. O presidente confere autonomia aos ministros mas cobra resultados. O presidente nos deu autonomia e faremos ajustes no momento adequado”.
Queiroga encerrou sua fala citando o bordão do governo Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.”
O novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, vai assumir o cargo com uma missão mais difícil do que a de todos os outros três ocupantes da cadeira durante sua gestão na pandemia do novo coronavírus. Em meio ao pior momento da tragédia sanitária, Queiroga será o líder do enfrentamento à doença que ameaça colapsar a rede hospitalar de diversos estados, ao mesmo tempo em que assumirá a meta da gestão anterior de adquirir 529,9 milhões de vacinas contra a covid-19.
O país já perdeu mais de 280 mil pessoas, sendo que o mês de março registra recordes consecutivos do avanço da covid-19, atingindo nesta terça-feira (16), mais uma vez, o recorde de mortes em 24 horas: 2.842.
Queiroga também terá de coordenar o enfrentamento à pandemia junto aos estados e cidades enquanto alguns destes adotam estratégias de lockdown ou de quarentenas mais severas contra o pico da pandemia, das quais o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é opositor e crítico recorrente.
O próprio ministro é defensor do distanciamento social e não acredita em tratamento precoce para a covid-19, outra divergência com o presidente.
Em relação às vacinas, Queiroga herda meta ambiciosa do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que apresentou plano nesta segunda-feira (15) com a previsão de adquirir 529,9 milhões de doses de vacinas contra covid-19 até o fim de 2021, 192 mi de março a junho e 38 mi até o final deste mês.
*Informações do R7, com Reuters e Agência Estado