Em virtude da alta demanda, o setor de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, entrou sistema de restrição máxima, atendendo apenas pacientes em estado grave que chegam por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Medidas semelhantes já haviam sido tomadas pelo Complexo Santa Casa de Misericórdia e Hospital de Clínicas no último final de semana.
O diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Cláudio Oliveira, esclarece que não se trata de fechamento do setor. “Restrição máxima não é fechar. Ainda recebemos pacientes graves das unidades de pronto atendimentos via vaga impositiva pelo Samu”, reitera. Na semana passada, a instituição já havia estabelecido uma restrição porque a ocupação passou do limite. “Nesta semana, o volume foi o mesmo, mas causa das restrições nas emergências dos outros hospitais, o movimento aumentou muito na segunda-feira”, explica Oliveira. A partir daí, o GHC comunicou a decisão à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e à regulação do Estado, que concordaram com a medida.
Quem se dirigir à Emergência do Conceição por demanda espontânea é orientado a procurar as UPAs e unidades básicas (UBSs). “Somente na noite de segunda-feira, recebemos sete pessoas pelo Samu e vamos receber durante a tarde (de ontem) mais dois casos graves. Não existe fechamento”, frisou Cláudio Oliveira. Segundo ele, acontecem reuniões diárias com as direções dos outros hospitais e órgãos reguladores municipal e estadual para avaliar a duração da restrição máxima. “Se tivermos condições de atender por demanda espontânea, voltaremos. Tudo dependerá da situação e da combinação entre os gestores da saúde”, afirma.
A Emergência do Hospital Conceição dispões de 53 leitos, mas abrigava, na tarde desta terça-feira, 66 pacientes. Destes, 39 necessitavam de ventilação mecânica, seis com ventilação não invasiva e 11 com oxigenação por máscara. “É um cenário delicado. Não podemos colocar em risco o atendimento. As equipes estão cansadas, todo mundo está exausto e dando o seu máximo”, conclui Oliveira.
UTIs superlotadas
A taxa de ocupação em UTIs em Porto Alegre é de 116,07%, com 1163 pacientes para 1007 leitos operacionais. Pessoas com diagnósticos confirmados de Covid-19 internados são 820. Dos 18 hospitais monitorados pela SMS, 12 estão com 100% ou mais das suas capacidades habituais. O Fêmina (166,67%), Moinhos de Vento (160,61%) e Ernerto Dornelles (145%) são os mais demandados. Na outra ponta, Pronto Socorro (81,48%), Beneficência Portuguesa (87,5%) e Hospital Porto Alegre (88,89%) foram os únicos que não ultrapassaram a taxa de 90% de ocupação.
O Rio Grande do Sul completou, nesta terça-feira, o décimo quinto dia consecutivo com UTIs funcionando acima dos 100% de ocupação. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), a superlotação chegou a 109,3%, sendo 3.459 pacientes para 3.165 leitos. Desse total, 77,8% (2.690) das internações são de casos confirmados ou suspeitos de coronavírus, enquanto que 22,2% (769) estão internados em estado grave devido a outros problemas de saúde.
A rede privada estadual segue sendo a mais sobrecarregada, operando com taxa de 134,9% de lotação. Já os hospitais da rede pública trabalharam com ocupação de 99,3%, com apenas 16 dos 2.276 leitos sem ser utilizados.