O Hospital Moinhos de Vento vive, atualmente, o cenário mais crítico entre as instituições de Porto Alegre, no que se refere à taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Conforme a última atualização realizada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a UTI do hospital trabalha com sobrecarga de 160,61%.
Em números, a instituição abriga 106 pacientes para um total de 66 vagas, sendo que 50 delas são de retaguarda, previstas no plano de ação do hospital, elaborado em fevereiro do ano passado pelo Comitê de Enfrentamento do Coronavírus, antes do primeiro caso confirmado da doença no Rio Grande do Sul.
Para isso, o hospital passou por uma adaptação da estrutura física, com áreas de internação clínica e cirúrgica sendo convertidas em espaços para atendimento a pacientes com Covid-19. Além disso, anestesistas também foram adicionados à equipe para suprir a necessidade, e o tempo de dedicação profissional dos médicos intensivistas aumentou 33%, saltando de 8 mil horas ao mês para 12 mil.
Para o superintendente médico do hospital, Luiz Antonio Nasi, o processo não envolve simplesmente abrir novos leitos. Segundo ele, os maiores desafios no momento são a exaustão das equipes nas áreas de atendimento a pacientes com Covid-19 e a busca contínua por novos profissionais para atender as ampliações que a instituição vem realizando nos últimos meses.
“Não basta investirmos em novos equipamentos e expansão de áreas físicas. Precisamos encontrar profissionais qualificados para o atendimento de pacientes críticos, que atuem em terapia intensiva”, salienta Nasi.
Desde o fim do primeiro trimestre de 2020, o Moinhos de Vento já contratou 330 profissionais, entre eles 50 médicos, 32 enfermeiros, 180 técnicos de enfermagem e 20 fisioterapeutas, além de outros colaboradores e funcionários para preencher vagas regulares do quadro da instituição. De acordo com assessoria da casa de saúde, 280 vagas de trabalho seguem em em aberto, mas há dificuldade para preenchê-las.
Sobe o número de pacientes mais jovens, combinado com o aumento de casos mais graves
Outra preocupação apontada pela direção do hospital é a mudança no perfil dos pacientes e de comportamento do vírus. Atualmente, as internações de pessoas com menos de 60 anos correspondem a 44% dos casos no hospital. Há três meses, essa proporção era de 25%.
Em paralelo a diminuição da faixa etária dos pacientes, a instituição começou a receber casos mais graves, o que elevou a letalidade da doença. No ano passado, a mortalidade era de 10%, mas em fevereiro deste ano saltou para 19%. Já se o recorte for apenas de pacientes que necessitaram de terapia intensiva, a elevação na taxa de óbitos passou de 28%, em 2020, para 44,4%, em fevereiro de 2021.
Ao todo, o hospital atendeu cerca de 22 mil pessoas na emergência, desde o início da pandemia. Desse total, 36% testaram positivo para o coronavírus, e a proporção de pacientes que precisaram de internação hospitalar chegou a 25%, o que resulta em uma média diária de internações de 15 pessoas por dia.
Medidas de contingenciamento são adotadas para estabelecer a segurança dos pacientes
A direção do Moinhos de Vento também estabeleceu uma série de medidas para manter a segurança dos pacientes. Foram suspensas ou limitadas as visitas, a redução das estruturas e os procedimentos eletivos, entre outras atividades.
Além disso, a instituição está reforçando o atendimento por telemedicina e, também, domiciliar, para garantir o acompanhamento e tratamento de todos os pacientes, principalmente com condições mais urgentes e graves, e evitar que pessoas precisem se deslocar até o hospital para realizar consultas e exames.