Com o avanço da pandemia em solo gaúcho, o Palácio Piratini decidiu, nesta sexta-feira, manter todos os municípios em bandeira preta no modelo de Distanciamento Controlado até 21 de março. Esta vai ser a segunda semana consecutiva em que todas as regiões terão de cumprir protocolos mais rígidos de enfrentamento à Covid-19 sem poder aderir ao modelo de cogestão, que fica suspenso pelo governo estadual.
O anúncio da manutenção da bandeira preta ocorreu após reunião do governador Eduardo Leite com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e com associações regionais de prefeitos. A partir do encontro também ficou acordado, junto aos gestores municipais, o retorno da cogestão a partir de 22 de março. Outra mudança envolve a alteração nos protocolos da bandeira vermelha, que serão mais restritivos a partir de então.
De acordo com o governador Eduardo Leite, o calendário oferece uma “perspectiva para quem empreende”. “Tem um horizonte para se planejar. Se não há uma perspectiva de saída, não há uma disposição mais firme de contestação do empresariado”, disse, em transmissão ao vivo ao anunciar as medidas, no início da noite.
Supermercados: regra muda na segunda-feira
Nesta sexta-feira, o governador também anunciou a suspensão de vendas de itens não essenciais (como eletrodomésticos) em supermercados gaúchos. A medida, segundo ele, não evita apenas a concorrência entre setores, mas também reduz aglomerações. Os estabelecimentos terão o final de semana para se preparar, para que a partir da próxima segunda deixem de vender esses itens.
Além disso, o governador anunciou a proibição de atividades esportivas aquáticas ou o ingresso de banhistas no mar. A medida também vale para lagoas, rios e similares.
Já a Indústria e a Construção Civil seguirão trabalhando de acordo com os protocolos atuais, para não prejudicar o fornecimento de produtos e as obras em andamento.
Em relação aos jogos de futebol, o governador afirmou que sugeriu para os governadores a suspensão das partidas, já que as competições envolvem equipes de estados diferentes. No entanto, como não há uma determinação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do governo federal para o cancelamento dos jogos no país. No entanto, Leite destacou que vem conversando, principalmente, com o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Luciano Hocsman, para que a entidade tente, ao máximo, readequar os horários dos confrontos, já que a preocupação não são as partidas, mas as aglomerações.
RS bate recordes de internações, com UTIs acima da capacidade
Nesta semana, o Estado chegou a índices recordes. Na última terça-feira, pela primeira vez na pandemia, a rede hospitalar ultrapassou 100% de lotação nas UTIs – marca que vem sendo renovada nos últimos três dias. As situações mais críticas são registradas em Porto Alegre e região Metropolitana e no litoral Norte. Na tarde de hoje, a ocupação estadual de UTIs era de 101,9%. Ontem, o número diário de mortes reportadas por Covid-19 também foi o maior já registrado, com 188 ocorrências.
De acordo com o governo estadual, a alta taxa de internações é agravada pela velocidade cinco vezes superior na variação diária de hospitalizações: se, antes, cerca de 60 leitos eram ocupados por dia, agora, são, em média, 350 pacientes a mais diariamente.
Como essa variação, que é a diferença entre número de pacientes que entraram e saíram de internações, começou na metade de fevereiro e segue aumentando, significa que o pico ainda não foi alcançado e que, mesmo depois, a maior demanda por leitos tende a seguir alta.
Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou o acionamento da fase 4 do Plano de Contingência do Coronavírus, que autoriza o uso de qualquer estrutura hospitalar para o atendimento de pacientes com coronavírus. A decisão sinaliza o momento mais crítico da pandemia em solo gaúcho.
Ontem, 14 governadores, incluindo Eduardo Leite, enviaram uma carta ao presidente Jair Bolsonaro. No documento, os entes federados pediam um esforço internacional para a aquisição de mais vacinas.