O governador Eduardo Leite afirmou, em entrevista ao Balanço Geral, da Record TV RS, na tarde desta sexta-feira, que ainda espera o impacto do Carnaval na rede hospitalar do Rio Grande do Sul. Ele ponderou que não tomou medidas mais restritivas antes de 12 de fevereiro porque o agravamento do quadro ainda não havia sido percebido.
“Até o início de fevereiro, o Estado vinha observando uma relativa estabilidade nas internações hospitalares, ao redor dos 76%, 78%. E agora, em 15 dias, saltou de 76% para 94%, a ocupação das nossas UTIs. Mas foi especialmente depois do carnaval que se observou esse crescimento tomando velocidade nas internações. E ele não é devido ao Carnaval. Se no carnaval se produziu algum efeito da aglomeração, ainda vai se sentir por agora. Até que uma pessoa fique grave e vá para uma UTI, leva um tempo”, esclareceu.
Leite ainda garantiu que o quadro de colapso do sistema de saúde no Rio Grande do Sul não decorre da vinda de pacientes do Amazonas e Rondônia, para tratamento em hospitais gaúchos. E afirmou que hospitais de campanha não resolvem o drama da superlotação das UTIs, já que servem para tratar pacientes com quadros menos graves de infecção.
O governador reforçou o pedido de respeito às medidas implementadas, admitiu que não gosta delas, mas que o momento é de reduzir o contato entre as pessoas.
No fim da tarde desta sexta, 55,8% dos 6.288 leitos de enfermaria do Rio Grande do Sul recebiam pacientes com Covid-19. Já em relação aos 2.734 leitos de UTI, a ocupação era de 93,9%, um recorde desde o início da pandemia. Em 56,1% dessas vagas, havia pacientes com coronavírus.
Em fim de janeiro, o governo do Rio Grande do Sul aceitou receber 50 pacientes dos estados do Amazonas e Rondônia, a pedido do Ministério da Saúde, diante do colapso do sistema de saúde na região Norte do Brasil.
O governador rebateu as críticas de quem ataca esse gesto de solidariedade. “Quem ataca isso, está admitindo que quer os pacientes à distância. Mas combate o distanciamento social quando defendemos que precisamos de distância entre nós. Porque, entre nós, não sabemos quem está e quem não está com o vírus”, advertiu.
Em relação às escolas, já no fim da entrevista, o governador defendeu manter a abertura, na bandeira preta: “A volta às aulas, no geral, deve acontecer nas bandeiras, vermelha, laranja e amarela. Na bandeira preta fica restrita à educação infantil e do 1º e 2º ano do ensino fundamental, porque é o momento em que fica difícil fazer o ensino remoto”, concluiu.