A Cooperativa de Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus) inicia o processamento da mandarina verde dos sócios, nesta quarta-feira (17). A entidade estima processar 1.470 toneladas da fruta na fábrica, localizada em Montenegro, o que representa aumento de 112% em relação ao ano anterior, no qual houve uma estiagem histórica que resultou em quebra de produção.
A bergamotinha verde, como também é conhecida, é garantia de renda extra aos agricultores familiares associados à cooperativa, porque faz parte de um manejo natural da planta nessa época, chamado de raleio. Com o processamento na fábrica, a Ecocitrus produz óleo essencial, que é exportado principalmente para a França e amplamente utilizado na indústria de perfumaria e cosméticos. Cerca de 90% da produção de óleo é destinada aos franceses.
A cooperativa processa a mandarina verde desde 2005 na sua agroindústria, beneficiando diretamente mais de 50 famílias do Vale do Caí. Segundo o presidente da Ecocitrus, Maique Konrad Kochenborger, a safra deste ano teve aumento expressivo por conta da chuva e do manejo correto dos pomares. Todos os sócios da Ecocitrus recebem assistência técnica gratuita. “Nós geramos um produto final de qualidade, orgânico, que beneficia famílias associadas à cooperativa e abastece o mercado internacional, além de pagarmos um preço justo pelo produto a todos os sócios”, resume Kochenborger.
A Ecocitrus possui o selo Faitrade, que atesta a operação dentro do mercado justo e valoriza toda a cadeia de produção. O manejo orgânico é certificado pelo IBD, maior certificadora de orgânicos da América Latina, no qual a Ecocitrus é a ficha número 001 do Rio Grande do Sul, mostrando o pioneirismo da entidade no respeito ao meio ambiente.
Manejo correto e chuva favoreceram recuperação dos pomares após estiagem
De acordo com o engenheiro agrônomo da Ecocitrus, Daniel Büttenbender, o aumento se deve a um manejo correto que os agricultores da cooperativa fizeram após a estiagem do ano passado. “Trabalhamos com adubação, podas e, depois que começou a chover, os pomares conseguiram se recuperar bastante rápido”, resume.
Büttenbender ainda lembra que, em 2020, as frutas estavam murchas no momento do raleio, a ponto de ser possível a colheita ou extração do óleo. Muitos optaram por nem fazer o raleio e colheram toda a fruta madura na metade do ano. “A variedade Caí foi a que mais sofreu com a estiagem, pois, quando começou a chover, ela já estava quase na época de ficar madura. A montenegrina, como é mais tardia, conseguiu recuperar o tamanho e a qualidade dos frutos maduros. A safra deste ano, então, veio em melhores condições”, explica o engenheiro agrônomo.
Na recuperação dos pomares, outro fator determinante foi o manejo. A Ecocitrus incentiva a homeopatia e a agricultura biodinâmica, que são tecnologias alternativas. “Todos os agricultores que utilizaram preparados biodinâmicos ou soluções homeopáticas nos pomares ficaram impressionados com a recuperação das plantas”, ressalta Büttenbender.
Sobre a Ecocitrus
A Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí foi fundada em novembro de 1994, em Montenegro – RS, por meio de um acordo de cooperação técnica entre Brasil e Alemanha, iniciado com o Projeto PRORENDA e conduzido, no Rio Grande do Sul, pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com a colaboração da GTZ (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica). 15 citricultores são sócios-fundadores da entidade, que hoje conta com 117 no quadro de associados.
A Ecocitrus é uma cooperativa consolidada no mercado, reconhecida internacionalmente pela produção de citros no modelo agroecológico e pela produção de sucos e óleos essenciais orgânicos, exportados ao mercado europeu (França, Alemanha, Bélgica e Reino Unido, por exemplo). A cooperativa também pratica uma gestão que prima pela construção conjunta e pelo protagonismo dos associados, além de ser certificada pelo comércio justo, com o selo Fairtrade.