O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli votou hoje contra o reconhecimento do direito ao esquecimento. A questão trata do uso da imagem de pessoas envolvidas em casos de grande repercussão em programas de televisão. Toffoli é o relator do caso.
A Corte começou a julgar o recurso da família de Aída Curi, uma jovem assassinada após uma tentativa de estupro, em 1958, no Rio de Janeiro. O programa Linha Direta, da TV Globo, lembrou o ocorrido em 2004.
Os parentes de Aida pedem o pagamento de danos morais pelo uso da imagem da vítima no programa e defendem o direito ao esquecimento do caso. Segundo a defesa, a reconstituição da morte provocou sofrimento aos parentes.
No entendimento de Toffoli, o pretenso direito ao esquecimento não é compatível com a Constituição. Segundo o ministro, a liberdade de expressão não perde valor ao longo do tempo.
No caso específico de Aída, o ministro disse que o Linha Direta cumpriu papel jornalístico e não denegriu a imagem da vítima. Para Toffoli, o programa promoveu questionamentos sociais e jurídicos sobre o assassinato.
“É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meio de comunicação social análogos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais, especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade”, afirmou.
Após o voto do relator, a Corte suspendeu o julgamento, que vai ser retomado na quarta-feira que vem. Mais nove ministros devem votar.