Hamilton Mourão diz que faltou lealdade a assessor demitido

Segundo o vice, auxiliar falou sobre impeachment do presidente sem o seu consentimento, e situação tornou-se insustentável

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / CP

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, explicou nesta sexta-feira (29) que o seu ex-assessor Ricardo Roesch Morato Filho perdeu sua confiança ao falar sobre o impeachmet de Jair Bolsonaro com deputados sem seu consentimento, e a situação tornou-se incontornável. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União de hoje.

“Uma situação lamentável. Já falei para vocês que eu não apoio o processo de impeachment. Segundo lugar, não é a forma como eu trabalho. Uma troca de mensagens imprudente, gerou um ruído totalmente desnecessário no momento que a gente está vivendo. A partir daí, a pessoa que tem um cargo de confiança, perde a confiança. Lamento.”

Nesta semana, o site Antagonista publicou que Ricardo Roesch, chefe da assessoria parlamentar de Mourão, teria enviado mensagens ao gabinete de um deputado federal falando sobre as articulações em curso no Congresso para um eventual impeachment de Bolsonaro.

O vice, assim que teve conhecimento da notícia, afirmou que o assessor agiu por conta própria e por isso seria demitido. Segundo Mourão, o auxiliar negou ter sido o autor das mensagens e alegou que teve o celular hackeado, mas ele não acreditou na versão. Nesta sexta-feira, ele voltou a falar da defesa de Roesch..

“Todo mundo se defende. Isso é uma questão nossa, interna. Não é a forma que eu atuo. Prezo demais o principio da lealdade. Lealdade é uma estrada de mão dupla. É a minha com meus subordinados e deles comigo. Momento que isso é rompido, se rompe um elo que não dá mais para trabalhar junto.”

Operação na Amazônia deve continuar

O vice-presidente acredita que a Operação Verde Brasil, de combate aos desmatamentos e incêndios na Amazônia, será prorrogada mais uma vez após o fim de abril. Em conversa com jornalistas, ele citou que os resultados da operação começam a aparecer e não há porque encerrá-la, apesar da escassez de verbas que enfrenta o governo federal.

“Vamos lembrar que para manter as Forças Armadas operando precisamos de recursos fora do orçamento. Nós temos do nosso lado a tarefa de reduzir o desmatamento ilegal com os meios existentes. Acho que temos [condições de continuar].”

A medida, que conta com o trabalho das Forças Armadas no reforço ao combate de crimes ambientais na região amazônica, estava prevista para terminar em 6 de novembro de 2020, mas foi prorrogada até 30 de abril de 2021.

Mourão contou que em uma reunião na quinta-feira (28) do Conselho da Amazônia, sem a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, discutiu-se a criação de um projeto piloto, Amacro (junção dos nomes Amazonia, Acre e Rondônia), que concentra esforços nos problemas ambientais nas regiãos do sul do Amazonas, nordeste do Acre e noroeste de Rondônia.

“A gente tem condições de fazer um projeto ali integrando uma porção de propostas: regularização fundiária, reflorestamento e outros pequenos projetos nos quais podem entrar o setor privado”, explicou o general da reserva do Exército.

O vice-presidente explicou que entre as dificuldades da operação está o fato de que muitos servidores das agências civis que trabalham na Amazônia têm idade avançada e ficaram em casa durante a pandemia de covid-19, o que reduziu consideravelmente o efetivo. Ele espera que até 30 de abril parte dessas pessoas já tenha se vacinado para ajudar nos trabalhos.