Setor de bares e restaurantes de Porto Alegre avaliam flexibilização no setor

Estabelecimentos que tinham hora para abrir e fechar agora podem operar sem restrições de horário

Foto: Guilherme Almeida / CP

Desde que Porto Alegre adotou as regras da bandeira laranja do Sistema Estadual de Distanciamento Controlado, no final de semana, bares, lanchonetes e restaurantes que tinham hora para abrir e fechar, agora podem operar sem restrições de horário. Além disso, a ocupação nos estabelecimentos é de 50%, inclusive nos shopping centers. O decreto mais recente do prefeito Sebastião Melo foi possível com a criação do Plano de Cogestão Regional, que incluem mais quatro municípios da região metropolitana na bandeira.

Rafael Oliveira, gerente do Boteco Histórico, reconhecido estabelecimento no Centro da Capital, ainda não viu a clientela aumentar com a flexibilização das diretrizes. “Ainda está parecido com o final do ano passado. A população não está vindo, acredito que o pessoal esteja receoso porque tem muita gente doente”, avalia. Com as férias escolares e de servidores públicos, muito de seu público deverá retornar após o verão, diz. “Estávamos abrindo até as 22h, mas agora vamos ampliar para ver o que acontece”, projeta Oliveira, que vem lucrando cerca de 40% do que faturava antes da pandemia.

Para a Associação de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel RS), os “empresários gaúchos começam a projetar uma luz no fim do túnel” com o abrandamento das normas. A entidade avalia a decisão como um sinal de uma possível recuperação da crise enfrentada por conta da pandemia. “A vida econômica pode, aos poucos, voltar ao normal”, aponta Maria Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel no RS. Está liberando, ainda, o funcionamento dos buffets de autosserviço, que estavam com operação restrita na bandeira vermelha. “As pessoas não gostavam do formato anterior, pois o autosserviço é agilidade, e dá a possibilidade de montar o prato como quiser. Servir com a luva é mais ágil, tem menos aglomeração e evita o contato com o funcionário”, explica Maria Fernanda.

A Abrasel no RS apoia a prefeitura e reforça a importância de prevenção, higiene e boas práticas com os associados. “Os buffets já têm normas bastante rígidas quanto à segurança e agora se preparam para voltar a atender com ainda mais cuidados, seguindo à risca todas as normativas essenciais para garantir um ambiente seguro para receber os clientes”, ressalta Maria Fernanda.

Na sua visão, as flexibilizações são boas, porém não são soluções para os problemas do setor de alimentação fora do lar. “Será necessária uma forte campanha de conscientização que, com todos os cuidados, o público pode frequentar nossos estabelecimentos sem medo”, explica.

O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, acredita que as medidas atendem as demandas do setor. “Evidente que, com 50% de ocupação, ainda é difícil, mas estamos avançando, o que é importante”, opina. O que preocupa, segundo ele, é o que chama de transferência da responsabilidade. “Está tudo colocado em cima do cumprimento de protocolos. Sabemos que não é só isso que inibe a má atitude da população. Precisa de fiscalização enérgica e nós temos que fazer o nosso papel: cumprir 110% dos protocolos, com uma operação segura, tranquila. Mas o Poder Público também tem que estar atento”, conclui.