O presidente do Internacional, Marcelo Medeiros, concedeu uma entrevista à Rádio Guaíba e fez um balanço dos quatro anos que ficou no comando do clube. Ele destacou as dificldades iniciais, quando pegou a equipe na Série B do Brasileiro, conseguiu fazer o time subir e no ano seguinte lutou pelo título da principal divisão do país. Ao ser questionado o que gostaria de poder voltar atrás e não repetir, o mandatário colorado destacou que não teria demitido o técnico Odair Hellmann, hoje no Al-Wasl, dos Emirados Árabes.
“Eu não teria demitido o Papito. Hoje o Odair está no cenário internacional. Fez uma companha de respeito no Fluminense, que tem um grupo com carências e mostrou a sua competência. Se pudesse voltar atrás, teria mantido o Odair. Não que ele pudesse ter sido demitido depois, mas o teríamos mantido”, ressaltou.
Odair comandou a equipe colorada na reta final da Série B e no ano seguinte, superando qualquer projeção, colocou o time na terceira colocação do Brasileiro. Na Libertadores de 2019, terminou em primeiro no grupo A a quatro pontos do River Plate-ARG. Porém, caiu para o campeão da edição, o Flamengo, nas quartas de final.
O técnico criado nas categorias de base ainda levou o time a final da Copa do Brasil, mas foi superado e acabou demitido. Um dirigente chegou a afirmar em entrevista que a pressão das redes sociais foi determinante na mudança do comando técnico do time.
“Até a 34ª rodada do Brasileiro de 2018, estávamos disputando com Palmeiras e Flamengo o título, mas conquistamos a vaga para a Libertadores. Em 2019, fizemos um baita ano, batendo recordes de públicos atrás de recordes de público. Depois de 10 anos chegamos à final da Copa do Brasil contra o Athletico-PR, mas, infelizmente, não conquistamos. Esse seria o título que teria coroado a nossa gestão. Tivemos uma queda de rendimento e, infelizmente, fizemos a mudança no vestiário”, admitiu Medeiros.
O presidente destacou as dificuldades que teve para recompor a instituição abalada após a direção de Vitorio Piffero. Medeiros destacou que a tendência era entregar o clube administrável no final de 2020, mas a pandemia acabou com qualquer chance de isso acontecer.
“Futebol ficou parado quatro meses e de lá para cá não tivemos público. A verba de bilheteria deste ano o Inter nunca mais vai recuperar. São aproximadamente R$ 30 milhões que não entrarão nos cofres do clube”, destacou.
Saída de Coudet
Apesar das dificuldades financeira, Medeiros crê que é possível retomar o controle financeiro da instituição ainda em 2021. O presidente ainda comentou sobre o pedido de demissão de Eduardo Coudet, que abalou o trabalho realizado no último ano da sua gestão e foi alvo de críticas por parte da torcida.
“É muito fácil falar depois da obra pronta. Tivemos a convicção de fazer um investimento em um excelente treinador como o Eduardo Coudet, que trabalha de uma forma muito intensa. Porém, tem coisas que não ficam ao nosso alcance. Ele tomou uma decisão de cunho pessoal e que nem os auxiliares dele sabiam da decisão”, ressaltou.
Ao ser questionado se a direção teve culpa no pedido de demissão, Marcelo Medeiros lembrou de uma entrevista que o treinador argentino deu a um canal de esportes da TV fechada e fez rasgados elogios ao clube, a estrutura e aos dirigentes do futebol do Inter. Para o presidente, a decisão de sair do Inter foi um desejo do profissional.
“Se dimensiona demais esse episódio, pois se ele vai a um programa de abrangência nacional e diz que está muito bem no Inter, que o Rodrigo Caetano é um tremendo profissional. Ele tem o direito de pedir jogadores e nós temos o dever de dizer que não dá. Isso é normal em qualquer relação. Isso é a responsabilidade do gestor. Se faz muita teoria dos motivos que o levaram a mudar, mas acho que ele viu uma oportunidade de treinar na Espanha, de o clube pagar a rescisão e tomou a decisão”, afirmou Medeiros.
A partir do dia 4 de janeiro, Marcelo Medeiros deixará o cargo de presidente do Inter e Alessandro Barcellos assumirá de forma definitiva o comando do clube.