A ceia de Natal promete ficar mais salgada neste ano por causa das constantes altas que o preço dos alimentos vem sofrendo. Em novembro, a inflação oficial registrou o maior patamar para o mês em cinco anos, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A taxa ficou em 0,89% e teve o grupo de alimentos e bebidas, itens comuns da tradicional ceia de Natal, como uns dos principais grupos responsáveis pelo resultado. Alimentos como a batata-inglesa (30%), o tomate (18,35%), o arroz (6,28%), o óleo de soja (9,24%) e a carne (6%) tiveram alta de preços em novembro e prometem pesar também na composição da ceia. É o que afirma André Braz, economista do IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Para ele, o aumento “contaminou itens que serão usados na ceia de Natal, principalmente as proteínas: carne bovina, suína e de frango”. Estes itens estão na lista dos alimentos que mais subiram de preço em 2020, segundo Braz. Braz cita outros produtos que compõem a cesta, como azeite, vinho, bacalhau, arroz, carne suína e de aves, e diz que eles sofreram um aumento acumulado de 15% nos últimos 12 meses. “Isso equivale a mais de três vezes a inflação acumulada no período. Então a ceia de Natal vai ficar bem mais cara esse ano”, diz Braz.
Prejuízos no campo elevaram o custo dos alimentos:
O economista diz que o aumento expressivo no preço dos alimentos em 2020 se deu por diversos fatores, desde redução de área plantada e quebra de safra, no caso de arroz e feijão, respectivamente, a um período de seca e queimadas em boas regiões do país. Esses fatores ocasionaram forte redução no volume de captação de leite, por exemplo, encarecendo não só este produto, como também os seus derivados.
Além disso, a desvalorização cambial, somada ao isolamento social e a consequente mudança nos hábitos de consumo das famílias, que alavancaram a demanda, foram fatores que também contribuíram para a inflação em 2020. “Nós tivemos uma tempestade perfeita em torno da alimentação, que provocou um aumento, em 12 meses, superior a 20%. Isso equivale a quase cinco vezes a inflação média”, revela o economista.
Contorno a inflação:
Por conta do aumento de preços de alimentos que compõem a ceia, muitos brasileiros devem buscar alternativas de celebrar o Natal sem pesar no bolso. Para a educadora financeira Teresa Tayra, existem três velhas conhecidas etapas que ajudam a economizar na hora de se preparar para a ceia de Natal. “Saber a lista dos convidados, estabelecer o orçamento a ser destinado e planejar o cardápio com antecedência.”
Avalie o cardápio:
Teresa recomenda que as famílias pensem em alternativas mais em conta e mais saudáveis para o cardápio.”Procure um prato novo que possa entrar na sua ceia esse ano. Na internet existem inúmeras receitas criativas e alternativas. Aproveite e faça sua pesquisa”, afirma.
Na hora de planejar a ceia de Natal, Teresa sugere que os familiares se reúnam e falem sobre a preferência de seus pratos. “Talvez nessa enquete você descubra que o prato que mais gera despesas é o que tem menos preferência na sua família”, diz. Além disso, ela ressalta que é importante ficar atento aos exageros. “Veja o histórico de suas ceias quando o assunto é desperdício. Reduzir a quantidade por causa de desperdício é fundamental”, diz.
Pratos compartilhados:
Outra dica para fugir da alta no preço dos alimentos é sugerir que cada convidado traga um prato para compartilhar na ceia. “A pandemia do novo coronavírus afetou o orçamenot de muita gente. Converse com os convidados e combinem de cada um levar um prato. Se você é o responsável pela preparação da ceia, é interessante dividir o gasto total entre os convidados ou cada família assume a compra de cada item”, sugere Teresa.