A Polícia Civil indiciou seis pessoas pela morte de João Alberto Freitas da Silveira, mais conhecido como Beto, espancado até a morte após um desentendimento no hipermercado Carrefour, na zona Norte de Porto Alegre. Segundo o inquérito policial, divulgado nesta sexta-feira, todos os envolvidos vão responder por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Conforme a delegada Roberta Bertoldo, o resultado das investigações levou em conta um conjunto de fatores, incluindo as questões sócio econômicas e raciais, que serviram de base para analisar a conduta violenta dos indiciados pelo crime.
“Nós aliamos a esta condição, menos favorecida economicamente e evidente de João Alberto, ao fato de que a maior parte das pessoas [vítimas de violência] é sim de cor negra. E aqui trazemos à tona a questão do racismo estrutural, que é citado por Silvio Almeida [filósofo e professor universitário] como atos que vêm impregnados na sociedade, que passa a tratar de forma normal essas ações discriminatórias. No caso, apuramos aqui que elas restaram muito evidentes dadas as circunstâncias que vemos a partir das imagens”, explicou.
Além dos seguranças Giovani Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, e da fiscal de caixa Adriana Alves Dutra, que seguem presos, outros três seguranças foram indiciados pela Polícia. Paulo Francisco da Silva, apontado como coautor do crime, além de Rafael Rezende e Kleiton Silva Santos.
A delegada detalhou a participação do trio no crime: “Eles reforçaram, não só materialmente como moralmente, as ações que vinham sendo praticadas por Giovani e Magno, e que tinham o aval de Adriana, já que ela tinha ali, naquelas circunstâncias, o poder de dissuadi-los a parar com aquela conduta desumana que vinha sendo cometida. Os três chegaram ao local e deram suporte a esse primeiro grupo com condutas que não se perpetuaram tanto no tempo, mas que foram, sim, decisivas”, pontuou.
Durante as investigações, a Polícia Civil analisou imagens de câmeras de segurança e ouviu mais de 40 pessoas. No entanto, nenhuma testemunha conseguiu explicar às autoridades o que a vítima havia feito para que os seguranças reagirem de forma violenta.
O trio teve as prisões preventivas já remetidas à Justiça, que vai analisar se eles poderão ou não responder pelo crime em liberdade.