Cerca de 29,5% (11,1 milhões) dos mais de 38,2 milhões de eleitores aptos a votar no segundo turno das eleições municipais deste ano não compareceram às urnas neste domingo. Trata-se da maior taxa de abstenção das eleições municipais pelo menos desde 2000, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2018, 2016 e 2014, o índice de eleitores faltosos havia ficado em torno de 21%.
A média, 27,5% maior que a apresentada no primeiro turno (23,14%) e 36,9% superior à do segundo turno de 2016 (21,5%), mantem a trajetória de crescimento da abstenção.
No primeiro turno, quando pouco mais de 23% da população deixou de votar, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Roberto Barroso, chegou a comemorar o número devido à pandemia do novo coronavírus.
“Queria cumprimentar o eleitorado brasileiro, que compareceu em massa, apesar das circunstâncias. Nós tivemos a preocupação de dar máxima segurança à saúde de todos”, disse o ministro.
Entre os estados onde os eleitores foram convocados a voltar às urnas para eleger prefeitos, neste domingo, as maiores abstenções foram registradas em Goiás (35,92%), Rio de Janeiro (34,79%) e Rondônia (34,18%). Na sequência, aparecem o Acre (32,11%), Roraima (31,38%), Rio Grande do Sul (30,94%) e São Paulo (30,8%).
Por outro lado, o maior índice de comparecimento do segundo turno se deu na Bahia (81,42%), único Estado brasileiro que teve a abstenção abaixo dos 20%.
Maior que o desejável, admite Barroso
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, admitiu que a abstenção ficou acima do desejável pela Justiça Eleitoral. Durante a apresentação do balanço das eleições, Barroso afirmou que a pandemia da Covid-19 afastou o eleitorado.
Na avaliação do presidente, embora a abstenção tenha sido maior que o esperado, a realização das eleições em meio à pandemia, com a participação de 70,50% dos eleitores, merece ser celebrada.
“É um número maior do que nós desejaríamos, mas é preciso ter em conta que nós realizamos eleições em meio à uma pandemia, que já consumiu 170 mil vidas, e que muitas pessoas, com o compreensível temor de comparecem às urnas, deixaram de votar. Muitas por estarem com a doença, muitos por estarem com sintomas e muitas por estarem com medo”, afirmou.
De acordo com o balanço final das eleições, houve 3,89% (1 milhão) de votos brancos e 8.81% (2,3 milhões) de votos nulos, neste domingo.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do TSE também afirmou que não foram registrados ataques bem sucedidos de hackers aos sistemas do TSE no segundo turno. Barroso também elogiou o trabalho da Polícia Federal (PF), que prendeu ontem um suspeito de envolvimento no ataque ao sistema do tribunal durante o primeiro turno.
“Há os que fazem esses ataques para procurar atacar a democracia e o sistema eleitoral, e procurar tornar as instituições vulneráveis. Todos eles são criminosos, merecem o repúdio das pessoas de bem e merecem a ação da Justiça”, disse.